Segunda entrevista de série de entrevistas aos principais candidatos à Câmara do Porto nas eleições autárquicas do próximo domingo.

Terça-feira – João Teixeira Lopes, BE
Quarta-feira – Rui Sá, CDU
Quinta-feira – Francisco Assis, PS
Sexta-feira – Rui Rio, PSD-PP

Com 41 anos, formado em Engenharia Mecânica na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, Rui Sá é actualmente vereador do Ambiente da Câmara do Porto, presidente do Conselho de Administração dos SMAS Porto e da Associação Porto Digital.

O candidato da Coligação Democrática Unitária (CDU) à Câmara do Porto propõe um pacto entre os partidos para a habitação social e critica a política de Rui Rio neste domínio. Teme também a Sociedade de Reabilitação Urbana (SRU) faça aumentar o preço das rendas no centro da cidade.

Em entrevista ao JPN, Rui Sá considera que a câmara tem estado de costas voltadas para a universidade e para os produtores culturais, que funcionam segundo a “lógica das capelas”, e acredita que o Porto tem condições para se tornar numa “cidade da ciência e da cultura”.

Quais são as linhas mestras do seu programa para o ensino superior, naquilo que pode passar pela câmara?

Numa cidade como o Porto, com mais de 60 mil estudantes, e que tem a maior universidade do país, temos que aproveitar este potencial e transformar o Porto numa cidade que ofereça uma série de iniciativas aos estudantes que permitam a sua integração. Temos uma consigna que é transformar o Porto numa cidade da ciência e da cultura. Temos centros de excelência do saber e do conhecimento, nas áreas da engenharia, arquitectura… Temos que lhes dar uma dimensão associada a uma marca do Porto.

A câmara avançou com um projecto nesse domínio, o Porto Cidade de Ciência.

É uma boa ideia muito mal concretizada. Criar essa consigna era fundamental, mas o objectivo desse programa devia ser potenciar os nichos de competência e não criar uma mera consigna que tem um autocarrozinho, umas medalhazinhas, que edita um livro qualquer. Dou-lhe um exemplo: o Porto tem que se afirmar como uma cidade do turismo e hoje a ciência é um factor de turismo. Temos que ter a capacidade de atrair grandes congressos internacionais. Porque não fazer grandes feiras da tecnologia em espaços públicos da cidade para que a população apreenda aquilo que é feito cá e ganhe auto-estima?

O reitor da Universidade do Porto (UP) disse em entrevista ao JPN, em Abril, que a câmara não teve um papel importante no crescimento da UP e que Rui Rio não aproveitou o potencial de ter no Porto a maior universidade do país. Concorda?

Houve uma incapacidade do resto da câmara em criar parcerias com as grandes instituições de ensino da cidade. A afirmação do Porto faz-se muito através de uma rede de cooperação entre as diversas forças vivas da cidade e cabe à CMP dinamizar essa rede. A CMP não teve aí um papel: veja-se o programa da ciência [Porto Cidade de Ciência] que foi feito à revelia da UP, pescando aqui e ali um professor universitário para compor o ramalhete.

A FAP defende que a câmara deve mediar o impasse entre a câmara e a reitoria relativamente ao Centro Desportivo Universitário do Porto (CDUP). Concorda?

Sim. Infelizmente a câmara fugiu desse papel como o diabo da cruz. Quando há grandes problemas, a câmara PSD-PP procura fugir deles com medo que se chamuscar com as situações. O CDUP está muito subutilizado e os estudantes universitários não têm um verdadeiro acesso ao Estádio Universitário. Não cabendo à câmara resolver o assunto, ela deve ter um papel importante na aproximação entre a reitoria da UP e a administração do clube e procurando obter da administração central os apoios que permitam uma requalificação do CDUP, pondo-o à disposição da cidade, à semelhança do que aconteceu em Lisboa.

Pedro Rios
Tiago Dias
Fotos: Joana Beleza