Os vídeojogos “têm um impacto grande na forma como olhamos o mundo”. Por isso, a edição de 2005 do “Olhares de Outono” propõe a “reflexão sobre a forma como os jogos são criados”, explica Luís Teixeira, um dos organizadores do festival.

O arranque oficial da sexta edição do “Olhares de Outono” está marcado para hoje, quarta-feira, no Porto.

Dedicado às artes digitais, o festival, com cinco anos de vida, é organizado pelo Centro de Investigação em Ciências e Tecnologias das Artes (CITAR), da Escola de Artes da Universidade Católica do Porto.

Sob a designação “Game Over”, o certame é este ano dedicado aos vídeojogos, sob o pretexto de estes serem “uma das áreas emergentes e mais importantes” no campo das artes digitais.

Luís Teixeira recusa a ideia de que os jogos afectam apenas “a ocupação dos tempos livres e a forma como usámos esse tempo”, e argumenta que “Game Over” pretende relacionar as perpectivas comerciais e de lazer, habitualmente atribuídas aos vídeojogos, com o lado artístico associado ao desenvolvimento de um jogo.

“Volume de negócios é superior ao do cinema”

O membro da organização do festival justifica a eleição dos jogos de vídeo para tema desta edição pelo facto de esta ser “uma área que, em termos de volume de negócios, ultrapassa o cinema”.

“Trata-se de uma área que assume importância não só em termos financeiros como também do ponto de vista estético e gráfico, e que atinge não só o público jovem mas também o público mais maduro, entre os 25 e os 35 anos”, salienta.

Acerca dos benefícios e desvantagens dos jogos de vídeo, Luís Teixeira defende que este tipo de entertenimento tem “impacto na sociedade e na forma como nos relacionamos e agimos”. “Os jogos têm ajudado as pessoas a desenvolver o pensamento abstracto, mas também geram isolamento e alteram a forma como a realidade é percepcionada”, aponta o organizador do “Olhares de Outono”.

Concertos, conferências e oficinas

“Olhares de Outono” reúne académicos, artistas e empresários em torno das artes e da tecnologia, dando ao público a oportunidade de “participar nos eventos, observar os artistas a trabalhar, ouvi-los falar sobre o trabalho e, por fim, ver o resultado final”, completa Luís Teixeira.

Por isso, o cartaz do festival inclui diversas iniciativas, que vão desde “workshops” a conferências, passando por instalações e concertos. “Game Over” prolonga-se até 29 de Outubro, com actividades todos os dias.

Hoje à noite, pelas 21h45 horas, o auditório Ilídio Pinho é invadido pelo “FreakyDNA Project”, o concerto electroacústico de Leonard J. Paul, da Vancouver Film School, no Canadá. O espectáculo marca a abertura dos eventos artísticos do festival.

Paul tem organizado diversos eventos em que combina a performance com sons retirados de jogos electrónicos.

As conferências, abertas ao público, começam hoje, também no auditório Ilídio Pinho. Pelas 15h00, Leonard J. Paul, da Vancouver Film School, no Canadá, vai falar sobre “Audio game design”. A partir das 16h30 horas, Stanislav Roudavsky toma a palavra para dissertar acerca de “Layers for Performance”.

As dissertações prosseguem no sábado, com António Câmara, da Universidade Nova de Lisboa e da empresa YDreams, e Michael Klein a falarem sobre “O factor humano numa empresa de multimédia” a partir das 16h30 horas e Paolo de Lucia a dissertar sobre “Video Media, game and art” pelas 18h00.

O “workshop” “Introduction to 3D Maya”, orientado por Paolo de Lucia, que teve início na segunda-feira, prossegue até dia 28.

Ana Correia Costa
Foto: Getty Images