O corpo do primeiro-sargento comando João Paulo Roma Pereira, morto na passada sexta-feira no Afeganistão, chegou hoje, terça-feira, às 09h05 ao aeroporto militar de Figo Maduro, em Lisboa. À espera estavam inúmeros familiares e militares dos três ramos das Forças Armadas.
No hangar daquele aeroporto militar, onde foi improvisada uma capela, estiveram presentes o primeiro-ministro, José Sócrates, o ministro da Defesa, Luís Amado, o Chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas, Almirante Mendes Cabeçadas, e os chefes do Exército, Marinha e Força Aérea.
A urna, coberta por uma bandeira portuguesa, saiu do Hércules C-130 da Força Aérea Portuguesa e foi levada em ombros até ao hangar por seis comandos entre uma ala composta por 60 militares dos três diferentes ramos das Forças Armadas.
“João Paulo não devia deixar-nos tão cedo”
Na capela improvisada com uma lona militar, o corpo foi velado durante uma curta cerimónia religiosa presidida pelo bispo das Forças Armadas e das forças de segurança, D. Januário Torgal Ferreira, que enalteceu a “alta qualidade de exemplo” do militar falecido na missão internacional.
“Desde longa data que os seus camaradas o consideravam responsável e solidário. João Paulo não devia deixar-nos tão cedo”, referiu o prelado.
O capelão afirmou ainda que a morte do militar português foi o “sinal de um risco sem rosto e de uma ameaça sem contorno”. O primeiro-sargento morreu numa explosão à passagem da viatura blindada em que seguia nos arredores de Cabul.
Para D. Januário Torgal Ferreira, a “paz é um assunto demasiado sério”, pelo que não pode deixar de dirigir as suas “condolências e esperança” ao batalhão português estacionado naquela zona do Afeganistão. O prelado considerou que este incidente “não pode ser fonte de desânimo”.
“Um dia, com o tempo a correr, diremos a esta criança de quatro anos: o teu papá morreu ao serviço de uma missão que escolheu livremente com o brio de um comando militar. Perdeste um pai, ganhaste um exemplo, uma honra, um herói”, afirmou D. Januário dirigindo-se à jovem filha do militar.
Serão accionadas as medias de apoio à família
Sócrates, Luís Amado e o chefe da Casa Militar, General Faria Leal, em representação do Presidente da República prosseguiram depois para a sala VIP do aeroporto militar, sem prestar declarações aos jornalistas.
O corpo do primeiro-sargento seguiu já para o Instituto de Mecidina Legal, onde será confirmado o óbito, após o que seguirá para a vila alentejana de Alandroal, a localidade de onde João Paulo Roma Pereira era natural.
Presentes na cerimónia fúnebre deverão estar o Chefe de Estado-Maior das Forças Armadas, Valença Pinto, ou alguém em sua representação, de acordo com as informações prestadas por Pedro Carmona, porta-voz do Estado-maior das Forças Armadas.
De acordo com aquele porta-voz, serão agora accionadas “as medidas de apoio legalmente estabelecidas” aos familiares do militar falecido.