A Quercus considera que o Programa Nacional para as Alterações Climáticas (PNAC) está “moribundo” e “perdeu credibilidade”. O dirigente nacional da Associação Nacional de Conservação da Natureza, Francisco Ferreira, referiu ao JPN que existem inúmeras medidas do PNAC ainda por implementar.

O secretário de Estado do Ambiente, Humberto Rosa, defendeu, esta tarde, que o plano está em evolução com apenas algumas medidas ainda a desenvolver.

“Medidas como a taxa de carbono, a taxa de metano, a revisão do imposto automóvel, as medidas de promoção de energias renováveis à excepção da energia eólica, entre outras, estão por implementar. É evidente que o secretário de Estado está a fazer o seu papel, mas não tem razão”, salientou o dirigente da Quercus.

No primeiro dia da Convenção das Nações Unidas para as Alterações Climáticas o especialista lembra que esta é a primeira conferência com o Tratado de Quioto em vigor e que será dela que resultaram as conclusões sobre o que fazer depois de 2012.

Portugal negoceia compra de emissões

Francisco Ferreira lamenta a hipótese de Portugal vir a comprar “créditos” de emissões à Rússia, uma decisão, que o líder do Bloco de Esquerda, Francisco Louçã, acusou hoje o Governo de já ter tomado.

“Considero que se devia primeiro apostar em medidas internas e depois no mecanismo de desenvolvimento limpo. A Quercus já vinha a avisar para esta possibilidade”, recorda o responsável, que alerta ainda para o facto que em 2008 o país “terá de desencantar em algum lado a diferença entre os seus níveis de emissões e os limites permitidos”.

De acordo com a Quercus, Portugal terá de investir 2 mil milhões de euros na compra de “créditos” de emissões. A associação ambientalista refere que esse valor é mais de metade do novo aeroporto da Ota, mostrando-se apreensiva quanto à forma de angariação desses fundos e da consequente aplicabilidade.

“É lamentável que não tenhamos conseguido fazer medidas internas e que agora seja necessário recorrer à compra”, refere Francisco Ribeiro.

“[Numa altura em que] as emissões aumentam de uma forma brutal, quando o consumo de electricidade anda pelo 5,6 % e o PIB varia 1%, é evidente que tenho razões para estar preocupado”, frisa.

Pedro Sales Dias
Foto: SXC