44.5 milhões de euros é a verba total que o PIDDAC 2006 disponibiliza para o concelho de Espinho, o mais pequeno da Área Metropolitana do Porto. A obra de enterramento da Linha do Norte na cidade da Costa Verde reclama quase a totalidade das verbas destinadas pelo PIDDAC a este concelho.

A obra, há muito desejada pela cidade, arrancou a sério a meio de 2004 e prevê-se que termine em 2007, como afirmou o antigo presidente do Conselho de Direcção da REFER, José Sobral, numa entrevista ao “Jornal de Notícias” em Março do ano passado.

Desejo antigo

A localização da linha férrea na cidade foi sempre posta em causa. A linha dos caminhos de ferro foi criada em 1870, quando Espinho era ainda uma vila. Ao contrário do que é normal, a linha dos comboios não se encontra na periferia, mas corta a direito a cidade, dividindo-a.

Apesar dos insistentes apelos de muitos habitantes de Espinho, só em 2004 surgiu algo de concreto para o enterramento da linha.

Críticas à obra

Apesar do consenso em torno do impacto regenerador que vai ter para o concelho de Espinho, há espinhenses que lamentam a falta de informação sobre o real traçado do enterramento. Um dos grupos que mais queixas tem apresentado sobre o processo da obra é o Movimento Pró-Enterramento da Linha Férrea na Marinha de Silvalde (MOPELIM) que reivindica o aumento da extensão do túnel a sul da cidade de Espinho. Segundo o actual traçado, o túnel termina poucos metros antes do bairro da Marinha.

José Mota, presidente da Câmara de Espinho há 12 anos, afirma que o enterramento é “vital para a cidade. Consciente das dificuldades que as obras causam no dia-a-dia dos cidadãos, José Mota assume que os inconvenientes são um mal necessário, quando comparado com a importância que o enterramento da linha férrea vai significar para o concelho e “mesmo para a região”. O edil de Espinho desvaloriza ainda as críticas, classificando-as de “pouco importantes”.

Obra vai impulsionar concelho

No entanto, a obra prossegue porque mesmo os habitantes do bairro da Marinha de Silvalde têm consciência da sua importância para um concelho que perdeu grande parte da força que tinha no início do último século.

Concelhos como Santa Maria da Feira, Ovar e Gaia tiveram um crescimento superior a todos os níveis, enquanto Espinho caía no marasmo. O director do jornal “Defesa de Espinho”, Lúcio Alberto, considera que o enterramento da linha vai impulsionar um concelho que não tem nem agricultura nem indústria e pode apenas apostar no turismo.

Os próprios espinhenses e os utentes da Linha do Norte concordam que, apesar do sacrifício das constantes mudanças de lugar da paragem dos comboios, o resultado final vai ser muito positivo.

Nuno Neves