A Comissão Europeia vai doar 80 milhões de euros a países terceiros, para combater os surtos do vírus da gripe das aves, em especial na Ásia. A oferta vai ser apresentada na conferência internacional sobre o tema, que se realiza em 17 e 18 de Janeiro, em Pequim, China.

A conferência “International Pledging Conference on Avian and Human Pandemic Influenza” destina-se a mobilizar e a coordenar o apoio financeiro, para prevenir uma eventual pandemia. O encontro, que vai reunir mais de 90 países e 25 organizações internacionais, é co-organizada pelo Governo chinês, Comissão Europeia e Banco Mundial.

É esperada uma Declaração de Pequim, que defina os eixos prioritários de uma “parceria internacional” para combater a gripe aviária a longo prazo, explica a Comissão Europeia em nota de imprensa.

Ontem, o coordenador da ONU contra a gripe das aves, David Nabarro, apelou aos países para que contribuíssem com 1,5 mil milhões de dólares durante a conferência. Nabarro disse ainda que esse número é apenas um “começo”. O Banco Mundial decidiu afectar 500 milhões de dólares para financiar planos de preparação para a possível emergência de uma pandemia.

“A conferência da próxima semana representa um passo-chave na resposta global ao alastramento da gripe das aves”, afirmou hoje a comissária europeu para as relações externas, Benita Ferrero-Waldner. “Tenho a certeza que os fundos significativos que a Comissão fornecerá vão dar uma ajuda crucial aos países mais necessitados, na Ásia, África e nos países vizinhos da Europa, Médio Oriente e Norte de África, e que vão reforçar as suas estratégias para impedir a gripe aviária e evitar a ameaça de uma pandemia”.

A responsável considerou que a “doença não é só uma ameaça à saúde”, mas também ao “crescimento económico e à luta contra a pobreza”. “Nunca uma doença animal gerou uma ameaça global desta dimensão e se espalhou a este ritmo”, sublinhou.

Segundo o comissário europeu para a saúde e protecção dos consumidores, Markos Kyprianou, a ajuda financeira permitirá “aumentar a vigilância e a consistência entre os sistemas de saúde veterinária e humana, avançar com planos de contingência e assegurar coordenação e troca de informação”. O objectivo é “evitar que a epidemia aviária se transforme numa pandemia de gripe nos humanos de um género novo e devastador”, disse.

Vírus à porta da Europa

A epidemia na Turquia já matou três pessoas num total de 18 casos de infecção. “À medida que a doença passa dos primeiros casos na Ásia para os surtos mais recentes na Turquia, aproxima-se da porta da Europa”, alertou Benita Ferrero-Waldner.

Investigadores descobriram que estes casos demonstram que o vírus teve uma mudança genética já vista noutros casos humanos registados em Hong Kong e Vietname. Contudo, uma equipa do National Institute of Medical Research, de Londres, já garantiu que esta alteração não torna mais provável a contaminação entre humanos.

A França anunciou que vai realizar exercícios de simulação para testar a preparação do país face a um surto. A Holanda, o segundo maior produtor europeu de aves domésticas, vai pedir autorização à Comissão Europeia para vacinar este tipo de aves contra a gripe das aves.

Mais de 70 pessoas já morreram em todo o mundo devido à gripe das aves desde que começou o último surto da doença, no final de 2003.

Pedro Rios
Foto: SXC