Em reunião realizada ontem à noite, terça-feira, na Sociedade Musical Capricho Setubalense, dezenas de pessoas decidiram reanimar o Movimento de Cidadãos pela Arrábida (MCA), como forma de protesto contra a co-incineração de resíduos industriais perigosos na cimenteira da Secil.

Esta decisão surge na sequência do anúncio do ministro do Ambiente de que a co-incineração vai avançar no Outão e em Souselas. Nunes Correia apresentou, sexta-feira, no Porto, o relatório da Comissão Científica Independente (CCI). O documento indica que as fábricas de cimento de Souselas, da Cimpor, e do Outão, da Secil, são as que melhores condições reúnem para a queima de resíduos industriais.

Como forma de protesto, o MCA deverá anunciar, nos próximos dias, uma concentração na baixa de Setúbal e a interposição de uma providência cautelar contra a co-incineração no Outão.
Representantes de diversas instituições setubalenses deverão integrar o revitalizado MCA como forma de incentivo à mobilização dos sadinos para a causa da luta contra a queima de resíduos perigosos na fábrica da Secil.

Câmara de Setúbal junta-se ao coro de protestos

A Câmara de Setúbal entregou ao ministro do Ambiente, dia 3, no Porto, um abaixo-assinado subscrito por 4.500 cidadãos contra a co-incineração no concelho. A autarquia setubalense prometeu ainda abandonar a Comissão de Acompanhamento Ambiental da Secil, caso o Governo avance com a co-incineração na fábrica desta empresa.

“Vamos ver se existem condições para se fazer já neste momento uma demonstração de indignação contra a co-incineração, como já se fez, com sucesso, em Setúbal”, disse João Bárbara, médico que lidera o Movimento, em declarações aos jornalistas no final da reunião de terça-feira à noite.

Em Julho de 2000, o MCA organizou em Setúbal um cordão humano, ligando o Largo da Misericórdia e a Praça do Bocage, e uma manifestação que reuniu 3 mil pessoas contra a queima de resíduos industriais perigosos.

A co-incineração arranca, segundo o ministro do Ambiente, dentro de três a seis meses, com os primeiros testes. As fábricas de Souselas e do Outão deverão co-incinerar 10 a 20 por cento dos resíduos industriais perigosos. O tratamento dos restantes resíduos será feito pelos Centros Integrados de Recuperação, Valorização e Eliminação de Resíduos (Cirver).

Andreia C. Faria
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