Hoje, quarta-feira, é o último dia de Jorge Sampaio em Belém. Na altura de passar o testemunho a Cavaco Silva, Sampaio é visto como um “notário do regime” e “um homem de interregno” por alguns especialistas.

Adelino Maltez, professor catedrático na Universidade Técnica de Lisboa (UTL), em declarações ao JPN, afirma que “Jorge Sampaio ficou entalado entre o modelo de Soares e o que será o de Cavaco. [Sampaio] não criou um estilo próprio, nem um modelo novo”.

“Se tivesse que dar notas, dava [a Sampaio] suficiente menos”, sustenta o professor da UTL. E sintetiza: “Sampaio foi um péssimo Presidente, mas um dos menos péssimos”. “Foi uma espécie de notário de regime. É difícil de encontrar um erro e é difícil de encontrar uma virtude”, elabora.

No entanto, para António Costa Pinto, professor no Instituto de Ciências Sociais (ICS), “na configuração semipresidencial é difícil a um Presidente da República não ter um balanço positivo do seu mandato, porque grande parte do que é preciso fazer compete ao Governo”.

“O Presidente da República, na ausência de crise, deve exercer uma magistratura de influência. Nesta perspectiva, Sampaio foi obrigado a usar todos os seus poderes, mas usou-os sempre com respeito pelo actual sistema político. [Sampaio] nunca extravasou a Constituição”, sustenta o docente do ICS. “Em geral, Sampaio teve um papel positivo”, diz.

Sobre o papel de Jorge Sampaio na questão de Timor – numa entrevista à CNN alertou para o drama do povo timorense sob ocupação indonésia -, Adelino Maltez alega que “as circunstâncias foram superiores ao homem”.

Para o professor catedrático Adelino Maltez, “Sampaio foi um homem de interregno e o seu mandato ficará na História como um mandato de pé de página”.

Gina Macedo
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