Teresa e Celeste (nomes fictícios) são mãe e filha. Apesar das diferenças geracionais, sentiram ambas o peso de serem mães sozinhas. Os avanços no apoio à maternidade tornaram a tarefa de Celeste, mãe divorciada de duas filhas, mais fácil do que a de Teresa, mas ainda assim as dificuldades foram muitas.

“Depois de me divorciar, não recebi pensão de alimentos porque o pai das minhas filhas não pagava. Fui a tribunal várias vezes e o caso arrastou-se durante quatro anos”, conta Celeste. “Agora recebo 100 euros por cada criança, o que é manifestamente pouco”.

Anos antes, Teresa foi mãe solteira do irmão de Celeste. A família católica abandonou-a, numa primeira fase, tentando depois retirar-lhe a custódia do filho. “Na altura, eu estava sozinha em Lisboa, desempregada e a dormir no carro. Recorri a várias igrejas, à Santa Casa da Misericórdia, mas ninguém me ajudou”, recorda.

Esteve separada do filho durante nove meses porque não o podia sustentar, enquanto procurava emprego, habitação e alguma estabilidade económica. A Segurança Social instalou-a com a criança num abrigo de condições precárias. Hoje, depois de muitas dificuldades, vive com o filho, a quem a Segurança Social paga o colégio.

Incompreensão e falta de informação

De igual forma, a única ajuda que Celeste, trabalhadora estudante, recebe do Estado é o pagamento de metade do total do colégio das duas filhas. Antes, tinha tido “grandes dificuldades em colocá-las em creches”. “Só consegui por cunha”, confessa.

Celeste aponta o dedo ao Estado pela “incompreensão que revela para com a situação das mães solteiras e divorciadas” e pela “falta de informação e de apoio jurídico disponível”. Conhecedora das dificuldades por que a mãe passou, considera que “no essencial, as coisas não mudaram muito e continua a ser um grande estigma ser-se mãe sozinha”.

Andreia C. Faria
Foto: SXC