O director de Engenharia de Processo e de Ambiente da CIMPORTEC, Francisco Leitão, revelou ontem, quarta-feira, que a cimenteira foi “surpreendida há semanas com o anúncio do Ministério do Ambiente” de que o Governo vai avançar com a co-incineração em Souselas.

“A queima de resíduos não estava nos nossos planos. Pensávamos que o tema da co-incineração estava moribundo”, confessou o engenheiro da CIMPOR. A cimenteira tem em curso um projecto de obtenção de novos combustíveis que consiste na queima de biomassas, menos penalizadoras para o ambiente. No entanto, “Souselas estava fora deste contexto”.

Francisco Leitão assegurou que a co-incineração será “marginal no que diz respeito à emissão de CO2 e não terá implicações ao nível do cumprimento do Protocolo de Quioto”, desde que o processo se realize “com todos os cuidados em termos de queima, armazenamento e manipulação de resíduos”.

Quercus apoia co-incineração “com transparência”

Francisco Ferreira, representante da Quercus no colóquio, afirmou que a organização de defesa do ambiente “não tem nada contra a co-incineração, desde que não seja tratamento de resíduos industriais perigosos a jusante”.

Para o responsável da Quercus, “o problema deste processo é o ‘timing’. Os Centros Integrados de Recuperação, Valorização e Eliminação de Resíduos (CIRVER) devem ter prioridade, só depois se deve avançar para a queima de resíduos”.

Francisco Ferreira opõe-se ao início da co-incineração nos prazos apresentados pelo Governo. “Calmamente, com mais uns meses sem abrir a boca, José Sócrates teria resolvido o problema. Só deveria ser dado prazo para o arranque da co-incineração com os CIRVER a funcionar”, defendeu o representante da Quercus.

Texto e imagem: Andreia C. Faria