Aproximar o PS-Porto dos militantes e dos cidadãos é uma das prioridades do candidato à concelhia do PS-Porto. Em entrevista ao JPN, Avelino Oliveira propõe uma reestruturação do partido no Porto e diz ter os militantes ao seu lado.

Defende que o partido tem de tomar “opções estruturantes” para mudar a mentalidade e comportamento interno do partido. Que opções são essas?

O partido tem um funcionamento que está muito interligado à sua postura e à forma como os seus militantes acabam por exercer a sua actividade política. Neste momento o que se reflecte e é visível, não só no PS, é que há um desfasamento entre a sociedade civil e as expectativas que as pessoas têm em relação aos partidos.

O que é que pode então ser feito?

Falta transparência na forma como o partido define as suas estratégias e o partido vive em função das personagens e não em função dos esforços colectivos.

Como é que se pode mudar essa situação?

Pode-se mudar tendo uma atitude inovadora e não tendo receio de afrontar o “status quo”. Por exemplo, o partido organiza-se por secções. Temos 15 secções, são secções a mais. Ao nível da concelhia verifica-se uma coisa ridícula que é o facto de a federação do PS-Porto e a concelhia do PS-Porto não ter uma página na Internet que os habitantes possam consultar.

Como é que pretende que a concelhia chegue aos cidadãos do Porto?

Através de campanhas de angariação de militantes. O partido procura ir buscar pessoas independentes de referência que se identifiquem com as ideias socialistas para dar credibilidade ao partido. Mas entre as eleições não se procura o contributo dos independentes.

Defende a implementação de eleições primárias como forma de escolha dos candidatos autárquicos. Quais são as vantagens?

Ultimamente os militantes não têm podido escolher os candidatos. A escolha dos candidatos autárquicos tem originado muitos problemas. O caso que aconteceu para a Câmara do Porto, por exemplo. Toda a gente sabe que a escolha feita para o candidato à Câmara não era a escolha feita pelos militantes.

Acha que a concelhia devia ter tido mais peso na escolha do candidato à Câmara do Porto nas eleições passadas?

Quem teve mais poder nisso foi a distrital. Geralmente diz-se que foi José Sócrates que teve uma posição sobre isso. Acho que ele efectivamente chamou a si o processo, mas foi devido à influência da distrital. Os estatutos prevêem isso, não há problema nenhum. Só há uma coisa que não pode acontecer: é que isso seja feito sem se explicar as razões concretas aos militantes. Enquanto presidente da concelhia, que creio que vou ser, isso não acontecerá. Se em algum momento houver alguma escolha da qual os órgãos superiores discordam, a primeira coisa a que eu faço é convidá-los a explicarem-se perante os militantes. Se eles não o fizerem, sou o primeiro a sair. Demito-me! E isso é um compromisso que deixo.

Texto e foto: Tatiana Palhares