Concessionário F3 Auto, da Fiat, foi fechado pelo tribunal. Muitos clientes compraram veículos, mas não têm documentos de propriedade.

José António Pinho é um dos muitos clientes que a F3 Auto, concessionário da Fiat Auto Portugal com sede na Maia, deixou numa situação complicada ao abrir falência. O cliente comprou, em Agosto de 2005, um veículo usado, pertença da Fiat Auto, a pronto, e deixou a cargo do concessionário a mudança do registo de propriedade.

Estranhando o atraso dos documentos, José António Pinho recorreu a um conhecido da Direcção Geral de Viação, que lhe garantiu que o carro estava registado na Fiat portuguesa e não tinha dado entrada na conservatória nenhum pedido de alteração do proprietário.

Mediante os contactos insistentes de José António Pinho, a F3 Auto alegava atrasos devido à falta de pessoal administrativo, mas nunca pôs em causa a entrega dos documentos. Até que, no início de Março, José António foi “confrontado com a notícia de que o Tribunal de Vila Nova de Gaia tinha fechado as instalações do concessionário, porque havia um pedido de insolvência da empresa”.

Tribunal de Gaia ainda não deu início ao processo

A verdade é que José António, como muitos clientes da F3 Auto, não pode “andar sossegado na estrada”. “Tenho um carro que paguei a pronto e do qual não tenho documentos de propriedade”, diz. O cliente da extinta F3 Auto aponta o dedo à Fiat Auto, que, diz, “está a pôr-se de lado quanto aos carros usados, só se responsabilizando pelos carros novos vendidos pelo concessionário. Não sei a quem pedir responsabilidades”.

O JPN contactou a Fiat Auto para saber como estão a ser orientados os compradores de veículos daquela marca através da F3 Auto. Sérgio Martins, director de relações externas da empresa, admite que a F3 auto “não tem capacidade” para ser concessionária da Fiat Auto. “Foi eliminada da nossa lista”, revela.

Casos como o de José António estão “a ser revistos”. “A Fiat está a par da situação. Estamos a tentar resolvê-la caso a caso. Estamos em cima desse assunto, mas não tenho ainda uma resposta”, explicou.

Quanto à acusação de que a empresa se nega a dar apoio a quem tenha adquirido veículos em segunda mão, Sérgio Martins garante estar a ouvir uma “novidade” e remete explicações para um comunicado oficial que, até ao fecho deste artigo, o JPN não recebeu.

Contactado pelo JPN, fonte do Tribunal do Comércio de Vila Nova de Gaia garantiu que o processo “está no inicio, a insolvência ainda não foi decretada, nem foi nomeado o administrador do caso”. A mesma fonte não adiantou uma data para o arranque do processo.

Andreia C. Faria