Os estudantes que vêm viver para o Porto preferem comprar ou alugar casa perto do local onde estudam. “Se antes os estudantes preferiam morar em Cedofeita, na rua Miguel Bombarda, ou noutros locais perto das faculdades que se encontravam no centro da cidade, agora, com o pólo do [Hospital de] S. João, começa-se a desenvolver um importante foco de construção na Asprela”, diz João Carlos Prezado, sócio da mediadora imobiliária Vila Azul.

As principais causas da “fuga” para a periferia da cidade são o estado avançado de degradação das casas no centro e a falta de estacionamento, revela João Carlos Prezado.

Estudantes locatários dividem-se pela cidade

As novas construções perto do Hospital S. João atraem não só os jovens que estudam aí perto, mas também os que frequentam faculdades no centro do Porto. Luís Miguel é de Barcelos e frequenta a Escola Superior de Tecnologia da Saúde do Porto. Apesar da instituição ficar perto de Cedofeita, a casa onde vive fica na Asprela. “É um sítio agradável, calmo e bem localizado”, diz. A somar a estas vantagens está também o centro comercial que abriu recentemente, acrescenta o aluno.

Mas as faculdades que ficam localizadas no centro do Porto ainda fazem com que alguns estudantes morem no centro da cidade. Marta Morais é estudante de Direito e decidiu alugar uma casa no centro do Porto. A aluna vive a poucos metros da faculdade, na Praça Coronel Pacheco, num T1+1 que partilha com outra pessoa. Marta está contente com a casa e com o ambiente que a envolve, mas mostra-se um pouco receosa em relação às “ilhas que se instalaram em algumas zonas da cidade”. Aquilo que mais sente falta é de uma boa rede de transportes compatível com o horário dos estudantes.

Primeira casa

Elsa Rodrigues tem 26 anos e quando era estudante de Enfermagem viveu durante dois anos na Boavista porque ficava perto da faculdade. Mas quando chegou a altura de comprar casa própria, procurou habitação no centro do Porto durante mais de um ano e meio. Porém, não ficou contente com o que encontrou. “A maioria das casas estava muito degradada, as que tinham boas condições eram muito caras”, confessa a enfermeira. Elsa acabou por comprar casa em Matosinhos porque foi onde encontrou uma melhor relação qualidade/preço.

José Carlos Prezado considera que a reabilitação da Baixa da cidade, levada a cabo pela Porto Vivo – SRU, é urgente mas avisa que as melhorias só vão ser notadas a longo prazo. “Acredito que só daqui a dez anos é que se vai ver qualquer coisa. É preciso que as pessoas vejam e gostem do resultado da primeira reconstrução para depois aderirem ao projecto. A curto prazo, daqui a um ano, um ano e meio, não acredito”, diz.

Para além das más condições de habitabilidade das casas, Elsa Rodrigues critica a falta de equipamentos culturais do centro do Porto. “Os cinemas que havia na Baixa fecharam. Se uma pessoa quer ir ver um filme tem que ir a um centro comercial. A cidade não está preparada para os jovens”, lamenta a estudante.

Tatiana Palhares
Foto: Liliana Rocha Dias