Um coro de 20 finlandeses que gritam, o multifacetado Mike Patton com dois Dj de hip-hop, graffiti digital numa estação de metro ou a banda que criou o “primeiro registo de ‘world music'”. Tudo isto vai ter lugar em vários espaços culturais – e não só – durante os próximos três dias (sábado a segunda).

O fio condutor para todas estas actividades e muitas mais é a primeira edição da Trama, Festival de Artes Performativas, organizado pela Fundação de Serralves, Casa da Música, BRRR – Festival de Live Art, Lado B e pela Matéria-Prima. O festival, que junta programadores provenientes das diversas instituições, combina vários géneros artísticos desde a dança, ao teatro passando pela música. Espaços tão distintos como o Hotel Infante D. Henrique ou a Praça D. João I vão acolher espectáculos no âmbito da Trama.

O objectivo da Trama é “mexer com o Porto”, afirma uma das organizadoras ligada ao BRRR, Rita Castro Neves. Opinião partilhada pelo programador da área de música não-clássica da Casa da Música, Fernando Sousa, que aplica a mesma expressão: é preciso “mexer com a cidade”. Para isso, a organização da Trama decidiu ir além das salas de espectáculos tradicionais e levar as performances até à rua.

Como explica Rita Castro Neves, o objectivo passa também por ter públicos que noutras circunstâncias não teriam, especificando que existem dois tipos de público: o das salas tradicionais e o da rua. Para esse público, a Trama tem a apresentar as “flash appearances” do coro finlandês Mieskuoro Huutajat (na foto), a começar já amanhã, sábado, pelas 14h45 na Praça D.João I em frente ao Teatro Municipal Rivoli, que, tal como o Teatro do Campo Alegre, é um dos dois espaços municipais a ser utilizado durante o festival.

O coro finlandês é, na opinião de Fernando Sousa, um dos destaques musicais do festival, a par da Master Musicians of Joujouka, cujo primeiro álbum foi produzido pelo antigo guitarrista dos Rolling Stones, Brian Jones. O programador da Casa da Música destaca, por último, o projecto de Mike Patton com dois elementos dos X-Ecutioners, e salienta ser esta a estreia mundial do mais recente trabalho do ex-Faith No More (actuam segunda-feira, na Casa da Música, às 22h00).

Rita Castro Neves, por seu lado, afirma que tentar escolher destaques é muito difícil numa programação na elaboração da qual se participou, mas, ainda assim, realça as presenças do colectivo britânico e alemão Gob Squad em Serralves (sábado, 22h00), que, antes de o público chegar à sala, percorre as ruas da cidade filmando pequenos momentos da vida quotidiana citadina e introduzindo-os no seu vídeo.

A programadora destaca ainda a participação da companhia Third Angel no festival, tal como o desenho digital de António Jorge Gonçalves na estação de Metro da Casa da Música.

Os dois organizadores da Trama disseram ao JPN que o festival é para ter continuidade, procurando fazer da Trama uma iniciativa anual.

Tiago Dias
Foto: DR