O tabaco é um dos grandes factores de risco para o doente coronário. “Uma pessoa que fuma é uma pessoa que perde, em média, 10 anos de vida. Pior que isso, é o envelhecimento das artérias no fumador”, afirma o presidente da Fundação Portuguesa de Cardiologia (FPC).

Manuel Carrageta defende que “do ponto de vista biológico, o fumador é oito anos mais velho que um individuo não fumador da mesma idade”. E acrescenta: “Do mesmo modo que é possível envelhecer prematuramente pelo hábito de fumar, também é possível rejuvenescer pela adopção de um estilo de vida saudável, como deixar de fumar”, explica.

Estes dados parecem começar a assustar os fumadores que procuram junto de farmacêuticos e outros profissionais de saúde ajuda para deixar de fumar. “Há cada vez mais pessoas a procurar ajuda para deixar de fumar”, confirma a farmacêutica Elisabete Marques.

No mercado farmacêutico são vários os tratamentos à disposição daqueles que pretendem combater o vício do cigarro: produtos que têm libertação de nicotina controlada, como pensos adesivos de nicotina, pastilhas ou gomas de nicotina, e gotas de pôr no cigarro que “provocam um sabor diferente” que leva a que o fumador perca “gradualmente” a necessidade de nicotina.

“A maioria dos utentes consegue deixar de fumar com os tratamentos disponíveis nas farmácias”, assegura Elisabete Marques. “Apenas em casos muito difíceis, em que o utente quer mesmo deixar de fumar, e já tentou vários tratamentos sem êxito, é que recomendamos uma clínica com tratamentos naturais, como a acupunctura”, explica.

Países como Inglaterra e Malta optaram por comparticipar tratamentos anti-tabágicos, proporcionando, inclusive, o acesso gratuito a clínicas, o que encoraja a adesão dos fumadores a este tipo de tratamentos.

Em Portugal, o preço dos produtos que ajudam a deixar de fumar pode variar entre os sete e os 24 euros. Segundo Elisabete Marques, os tratamentos são um “bocadinho caros” e “as pessoas queixam-se do custo”. Mas esta farmacêutica considera que os tratamentos não devem ser gratuitos porque “fumar é um vício e as pessoas têm de ter responsabilidade”. No entanto, é da opinião que “os tratamentos deviam ser mais baratos”, defendendo um “preço simbólico” para estes medicamentos.

A farmacêutica Sónia Correia é de outra opinião. “Comparado com o preço do tabaco, os tratamentos não têm um custo elevado”, sustenta. O custo dos tratamentos não é a causa das pessoas não deixarem de fumar: “Só se gasta dinheiro durante o tempo em que se faz o tratamento. E se se continuar a fumar, a pessoa vai continuar a gastar”, diz a farmacêutica. “Se os tratamentos fossem comparticipados não haveria mais pessoas a deixar de fumar”, conclui.

Elisabete Marques assegura que “entre os vários medicamentos que ajudam o fumador na luta contra o tabaco, o mais prático é o uso de pensos de nicotina”. “As pessoas têm de andar o dia todo a mascar pastilhas e isso aborrece-as”, sustenta.