Segundo a edição de hoje, quarta-feira, do Correio da Manhã (CM), o Serviço de Informações de Segurança (SIS) considera que há cada vez mais jovens a aderir ao movimento nacionalista, o que é encarado como um risco para a segurança interna do país, sobretudo por promover e incitar a “violência política e racial”.

A própria temática das “campanhas de propaganda e das manifestações públicas” tem o único objectivo de “adquirir credibilidade e de alargar a base social de apoio”. O ano passado, as grandes manifestações promovidas pela Frente Nacional – uma organização com militantes “skinheads” que integram a Hammerskin – subordinaram-se a temas contra a criminalidade, a imigração e a entrada da Turquia na União Europeia.

As formas de recrutamento não se limitam às claques de futebol e aos meios “hooligans”. Cada vez mais jovens aderem à extrema-direita através da internet.

A ligação entre organizações de neonazis e “skinheads” a nível internacional está a aumentar. Há cada vez mais iniciativas que promovem encontros entre “skins” portugueses e estrangeiros. Portugal tem sido palco de concertos de música e encontros – a que vêm neonazis de vários países – que merecem especial atenção por parte das Forças de Segurança. Muitos deles integram a Hammerskin Nation – uma organização fundada nos Estados Unidos, conhecida por promover, de forma organizada, ideais de violência e a supremacia da raça branca.

Em Portugal, a Portuguese Hammerskin (PHS) é uma célula autónoma e clandestina, de “características paramilitares, que assegura a luta armada pela supremacia racial”, diz o SIS. Tem ligações à Frente Nacional, um movimento mais aberto, que angaria simpatizantes através de várias iniciativas. Há, inclusivamente, militantes do Partido Nacional Renovador (que trabalha com a Frente Nacional) que integram a PHS.

Aumento de 400%

O dirigente da Frente Nacional, Mário Machado, disse ao CM que desde Novembro de 2004 os militantes nacionalistas aumentaram cerca de 400%, o que se deve a uma nova forma de actuação. Agora “os nacionalistas não têm medo de dar a cara”.

Segundo o dirigente, a maior parte dos novos militantes são jovens “de todos os estilos, não são só cabeças-rapadas”. Quase metade (49%) dos militantes da Frente Nacional têm menos de 21 anos. “É sinónimo da insegurança que vivem nas escolas. Estes jovens são vítimas das minorias étnicas que se estão a tornar maiorias”, acusou, em declarações ao jornal diário.

Ao JPN, o sociólogo António Pedro Pombo considera que as explicações para a adesão dos jovens a movimentos de extrema-direita “têm sempre uma raiz social e cultural”, responsabilizando a “crise económica e social” pelas “frustrações” dos jovens.

O sociólogo João Teixeira Lopes também partilha a mesma opinião, alegando que a “situação social” leva os jovens a aderirem a movimentos de extrema-direita e não o “engajamento ideológico intencional”. “Alguns líderes desses movimentos [de extrema-direita] aproveitam-se da situação desses jovens para o enquadramento ideológico”, disse ao JPN.

Gina Macedo
Foto: DR