O líder dos militares que se manifestaram a semana passada nas ruas de Díli, Tenente Gastão Salsinha, acusa o Governo de Timor-Leste de ter “assassinado 60 pessoas”, segundo a agência Lusa. “Não confio no Governo. Eles mentem e mataram. Tenho informações de que mataram mais de 60 pessoas”, afirmou o militar que se encontra escondido nas montanhas.

O Tenente Gastão Salsinha reafirmou, contudo, a sua confiança no Presidente de Timor, Xanana Gusmão, dizendo que seguirá as suas orientações.

Uma das exigências dos militares, que se auto-denominam “peticionácios”, já está a ser cumprida: a criação de uma comissão de inquérito para apurar se houve ou não discriminação étnica dentro das forças militares.

Anteontem, o primeiro-ministro de Timor apelou aos militares para que se entreguem às autoridades, mas o Tenente Gastão Salsinha garantiu que vai permanecer nas montanhas com os cerca de 100 militares que diz estarem com ele.

A contestação dos militares, na sua maioria da zona de Loromuno, enclave timorense em território indonésio, começou há alguns meses quando se sentiram alvo de discriminação étnica dentro do corpo militar e tem vindo a aumentar de tom. Na sexta-feira passada os militares saíram às ruas da capital, numa manifestação que provocou dois mortos e três dezenas de feridos.

Tatiana Palhares