O Pavilhão Rosa Mota acolheu hoje, quarta-feira, o 2º Encontro do Projecto Xeque Mate, que consiste num torneio de xadrez para alunos da 3ª e 4ª classe de algumas escolas do Porto, divididos no escalão dos iniciados e dos continuados, respectivamente.

O projecto é uma parceria entre a Câmara Municipal do Porto (CMP), nomeadamente do Pelouro da Educação, e a Associação de Xadrez do Porto (AXP), que introduziu o ensino do xadrez (não obrigatório) em cerca de 50 escolas primárias.

O torneio de hoje serviu para pôr em prova os conhecimentos adquiridos pelos 2800 alunos de xadrez ao longo de todo o ano lectivo. Apesar de se apurar um vencedor, esse não é o objectivo principal da iniciativa. “Acima de tudo, é uma festa. E estamos contentes pela festa, independentemente de quem ganha”, diz o presidente da AXP, Manuel Pintor.

A aposta no público mais jovem tem uma razão de ser. “Queremos desmistificar de que é um jogo só para meia dúzia de intelectuais que conseguem penetrar nos segredos de um jogo tão ancestral. De facto, é um jogo que não muda as regras há 500 anos, mas não perde nada do seu encanto, como se vê, mesmo para os mais jovens”, explica Manuel Pintor.

“Há quatro jornadas e uma mesa dita a abertura e o final de cada jornada, que dura entre 10 a 15 minutos. Cada escola tem uma equipa de cinco elementos escolhidos pelo capitão de equipa ou pela professora”, esclarece Rui Almeida, coordenador técnico do torneio.

Francisco, 9 anos, anda na 3ª classe na escola em Costa Cabral. Achou divertido o torneio, apesar de ter perdido. “É a primeira vez que faço estes torneios mais difíceis, porque a equipa com quem joguei é muito difícil”, diz.

Quanto à equipa da sua escola, também não teve melhor sorte. “Só um de nós os cinco é que ganhou. De resto perdemos todos”, conta, divertido. Francisco considera que o xadrez pode ser difícil “dependendo das pessoas que jogarem”.

Frederico, 10 anos, anda na 4ª classe na escola João de Deus. Costuma jogar xadrez, por gosto, na casa e na escola. Não acha difícil, pois, diz, é “uma questão de concentração”. É o primeiro ano em que está no torneio, mas conseguiu acabar o seu jogo com um empate. Quer voltar para o ano “para ganhar”, diz, entusiasmado.

Iniciativa é para continuar

Rui Rio“Está comprovado que o xadrez é um complemento fundamental para o desenvolvimento intelectual das crianças”, disse o presidente da CMP, Rui Rio. “Dá-se aliás um efeito interessante: muitas crianças que têm um menor aproveitamento no programa curricular normal afirmam-se com o xadrez e conseguem até melhores resultados que os outros que supostamente são melhores alunos”, acrescentou.

O projecto Xeque Mate é para continuar, mas a AXP tem ideias para novos projectos. Formar clubes de xadrez em escolas preparatórias, secundárias e do ensino superior e abrir o projecto às colectividades, inclusive as de inclusão social, são algumas das ideias avançadas pelo presidente Manuel Pintor.

Ana Sofia Coelho
Fotos: Ana Sofia Coelho e Andreia C. Faria