"Fazer oposição nas autarquias é uma situação muito difícil. O PS é um partido de poder e não de oposição", afirma Renato Sampaio.

Acha que o PS está a perder influência no Porto?

Não. Aliás, hoje o PS mantêm com a Direcção Nacional do Partido uma relação de grande aproximidade e de afectividade. Temos no secretário-geral do PS e primeiro-ministro, José Sócrates, um grande aliado. Sócrates referiu-se à Federação do Porto como a “federação de referência”.

A nível local, a face mais vísivel da oposição nas autarquias é a de figuras mais à esquerda, da CDU e PCP. O PS pode estar a perder terreno para estes partidos?

Não. Fazer oposição nas autarquias é uma situação muito difícil. O PS é um partido de poder e não de oposição. O PS não embarca em populismos. A CDU pode fazer as políticas que quiser e as promessas que quiser porque percebe que nunca chegará ao poder e nunca ninguém lhe pedirá contas. O PS não embarca nesse plano.

Como pretende então recuperar as autarquias do Porto e Gaia?

É preciso fazer uma coisa que parece ser aparentemente simples, mas que é muito difícil, que é fazer coincidir o eleitorado a nível nacional com o eleitorado a nível local.

Pensa substituir figuras do PS?

Neste momento não me pronuncio sobre pessoas, porque não está em causa escolhas nenhumas. Este meu mandato não vai coincidir com outras eleições.

Se o PS não conquistar as autarquias do Porto e Gaia, como é que o partido pode cheguar à liderança da Área Metropolitana?

Não é preciso ter as câmaras de Porto e Gaia, é preciso ter o maior número de câmaras. A estratégia passa por ganhar o maior número de câmaras.

Como é que avalia o desempenho de Rui Rio na Câmara do Porto?

Acho que Rui Rio já fez uma inflexão da sua própria estratégia. Quando chegou à Câmara do Porto disse que nunca faria um discurso contra Lisboa e fazia sempre tudo com base na magistratura de influência junto do Governo. Agora já está a ter um discurso ligeiramente diferente. Rui Rio não tem obra, não tem projecto, a Câmara do Porto não tem um rumo. Isso verifica-se na falta de projectos para a cidade. Enquanto o PS esteve à frente da Câmara nós acrescentamos projectos à cidade – o metro, o Parque da Cidade, a Capital da Cultura, o Centro Histórico passou a ser património da humanidade. No caso de Rui Rio, os projectos que se vêem são de entidades governamentais.

E em relação a Luís Filipe Menezes?

Não conheço com tanto rigor a Câmara de Gaia mas parece-me que vive um bocado de folclore. Teve alguns projectos positivos, tenho de ser justo, nomeadamente com a orla marítima, a protecção da praia. Mas não conheço nenhum rumo para Gaia. Temos a ideia de que o eleitorado tem sempre razão, na maioria dos casos tem, mas no caso de Gaia o eleitorado enganou-se.

Tatiana Palhares
Foto: Ana Sofia Coelho