A 29ª edição do Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica (FITEI) volta a ser condicionada por obstruções de cariz orçamental. Mário Moutinho, o director do festival, explicou hoje, terça-feira, na FNAC de Santa Catarina, que o orçamento ronda os 200 mil euros, sendo que o conjunto de patrocínios e apoios não contabilizados quase que duplicam o orçamento oficial do festival. “Muitas empresas não dão verbas mas oferecem serviços muito significativos”, explicou.

Só Instituto das Artes contribui com cerca de 160 mil euros do orçamento, apoio que será garantido por 4 anos. No entanto, devido a sucessivos atrasos na atribuição das verbas, a edição do ano passado teve de ser paga a crédito bancário, com juros e multas de atraso nos pagamentos, o que teve grande repercussão no orçamento deste ano.

Outro dos problemas foi a mudança da equipa de produção, que terá sido bastante morosa e que se reflectiu em menos tempo para contactar as empresas e instituições a tempo de uma melhor preparação da programação do festival.

Mário Moutinho explicou ainda que um dos objectivos da 30º edição do FITEI é “diversificar as fontes de financiamento, já que nos próximos dois anos não vai haver qualquer reforço do apoio financeiro oficial, porque segundo informou o secretário de Estado, não havia condições financeiras”. A direcção do festival está a tentar obter mais patrocínios privados de maneira a poder comemorar o 30º aniversário “condignamente”.

O apoio da Câmara do Porto é ainda incerto e esperado com apreensão pelo director do festival: “Não sei se vamos ter um apoio de 25 tostões ou 25 mil contos, tentei arranjar uma audiência com o vereador, não me pôde receber, mas o assessor disse-me que tinha prevista uma verba de 25 mil euros, mas só acreditamos quando virmos.”

“As Mil e Uma Noites” deverão ser principal atracção

O FITEI deste irá decorrer durante 15 dias consecutivos, de 26 de Maio até 9 de Junho, com o mesmo números de espectáculos distintos, para evitar as apresentações em simultâneo, de modo a não se ter de optar entre ver uma ou outra peça. As encenações serão repartidas por vários teatros do Porto, desde o Teatro Nacional de S. João, até ao Carlos Alberto, passando pelo Rivoli, Serralves e o Teatro do Bolhão, entre outros.

O festival vai abrir com “À Espera de Godot”, de Samuel Beckett, numa encenação da companhia Teatro Meridional. Um dos espectáculos mais aguardados, contudo, será a versão das “Mil e Uma Noites” pela companhia catalã “Comediants” (na foto), que segundo Mário Moutinho, “todos os anos fazem excelentes apresentações tanto no FITEI, como em outros eventos.”

O director referiu ainda que a edição deste ano do festival dá mais relevo às companhias e criadores que surgiram em portugal nos anos 90, com o ressurgimento de novas dramaturgias, como Teatro da Garagem, o Teatro Meridional, ou o Teatro de Marionetas do Porto.

Ainda assim, o festival ainda não possui sede própria porque “de dois em dois meses a câmara perde um papel ou requerimento, situação que dura há já dois anos. A inauguração da sede no Campo Alegre seria a “prenda ideal para a cidade, aquando do nosso 30º aniversário. O projecto está concluído, falta licença para o aprovar. Queríamos fazê-lo pelo 25º aniversário, mas parece que nem pelos 30 anos vamos conseguir.”

André Sá
Fotos: FITEI