O escritor angolano José Luandino Vieira foi hoje, sexta-feira, galardoado com o Prémio Camões 2006, uma importante distinção literária atribuída a escritores de língua portuguesa, no valor de 100 mil euros.

Este galardão foi criado há 18 anos, durante os quais só foram premiados por duas vezes escritores africanos: o moçambicano José Craveirinha, em 1991, e o angolano Pepetela (Artur Carlos Maurício Pestana dos santos), em 1997.

Luandino Vieira destacou-se pela sua participação no movimento de libertação nacional e contribuição no nascimento da Republica Popular de Angola.

Em 1961 foi preso, pela segunda vez, pela PIDE e condenado a 14 anos de prisão e medidas de segurança. Transferido em 1964 para o Campo de Concentração do Tarrafal, onde passou oito anos, foi libertado em 1972, em regime de residência vigiada em Lisboa.

Ajudou a fundar a União dos Escritores Angolanos, na qual exerceu a função de secretário-geral durante vários mandatos até 1992.

Laundino Vieira é autor de romances como “Luuanda”, “No Antigamente, na Vida”, “Macandumba”, “Vidas Novas”, “a Cidade e a Infância”.

“O livro dos Rios” é o nome do próximo romance deste escritor angolano a ser lançado em Novembro pela Editorial Caminho. Será o primeiro de uma trilogia intitulada “De Rios velhos e Guerrilheiros”.

O Prémio Camões, criado em 1988 pelos governos de Portugal e do Brasil, já foi atribuído a autores portugueses, de renome, como José Saramago, Miguel Torga e Agustina Bessa-Luís.

Este ano, o júri foi constituído por Francisco Noa (Moçambique), José Eduardo Agualusa (Angola), Ivan Junqueira e Evanildo Bechana (Brasil), Paula Mourão e Agustina Bessa-Luís (Portugal).

Apenas um membro do júri não votou em José Luandino Vieira: Agustina Bessa Luís votou no cabo-verdiano Germano Almeida.

No ano passado, o Prémio Camões foi atribuido à brasileira Lygia Fagundes Telles.

Paula Teixeira
Foto: Ed. Caminho