A taxa de desemprego sofreu uma descida de cerca de 2% em Abril deste ano, segundo dados do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP), divulgados ontem. A região Norte do país conseguiu, pela primeira vez desde o início do ano, uma descida do desemprego superior ao mês homólogo do ano passado.

O delegado regional do IEFP, Avelino Leite, disse ao JPN, que a quebra na região Norte se deve em parte à reestruturação do sector têxtil e de cablagens no ramo automóvel.

Os níveis de desemprego são, no entanto, ainda muito altos segundo a União Geral dos Trabalhadores (UGT). Para Paula Bernardo, da comissão permanente da UGT, o desemprego deve ser ainda da maior preocupação para o Governo, já que, segundo as projecções do Executivo e da União Europeia, a tendência para os próximos anos aponta um agravamento da descida da empregabilidade.

De acordo com Paula Bernardo, “os dados do IEFP apontam para uma melhoria só em termos mensais, num mês em que nos últimos quatro anos sempre se registou uma atenuação do desemprego, devido sobretudo a factores sazonais como o turismo e a retoma da agricultura”.Em comunicado de imprensa, a UGT sublinha que “a partir de Agosto e Setembro, infelizmente, há todos os anos um crescimento do desemprego resultante das saídas de jovens do sistema educativo.”

Quebra real de 1,05%

O membro da comissão permanente da UGT também realçou ao JPN que o desemprego homólogo (entre os mesmos meses de 2005 e 2006) não corresponde à situação real do mercado de trabalho, já que o cruzamento de dados entre o IEFP e a Segurança Social permitiu um maior controlo das situações em que pessoas se inscreviam no Instituto de Emprego enquanto ainda trabalhavam. O IEFP admite a não comparabilidade directa dos dados, mas aponta para um decréscimo de 1,05% do desemprego, descontado o cruzamento de informações.

Se tal eliminou a base comparável com os meses do ano passado, a UGT alerta também para o facto de que o número de pessoas em estágios profissionais aumentou em relação a 2005, o que implica que muita gente que não está inscrita nos centros de desemprego não está verdadeiramente inserida no mercado de trabalho. Esta situação contribui também para o aumento do número de desempregados com habilitações literárias de nível superior, que pelos dados do IEFP agravou-se na ordem dos 17%, em relação ao ano passado.

Avelino Leite considera ainda assim que a descida da taxa de desemprego é significativa em relação ao ano passado, já que “estatísticas dizem que foram criados mais empregos, logo um maior mercado de trabalho”. O delegado regional da IEFP informou o JPN de que houve em Abril menos 4.000 inscrições nos centros de emprego que no mesmo mês de 2005. Os 1.900 postos de trabalho que o El Corte Inglés, em Gaia, criou também são, segundo o delegado regional do IEFP, um factor importante para o abatimento do desemprego na área do Grande Porto.

Avelino Leite considera também que, apesar de os dados da IEFP demonstrarem uma melhoria na empregabilidade nacional devido ao cruzamento de informação com a Segurança Social, “a experiência diz-nos que até Agosto o desemprego sofrerá uma quebra real mais significativa que a subida sazonal normalmente verificada nestas alturas do ano”, em que se verificará uma descida no sector dos serviços e um aumento no sector transformador.

A UGT considera ainda assim positivos o maior rigor e exactidão no controlo das projecções do IEFP, que, segundo Paula Bernardo, revelam “uma atenuação do ritmo de crescimento do desemprego”, ainda que não a sua diminuição, visto que “os dados traduzirão um crescimento do desemprego no 1º trimestre de 2006 quando comparado com o 1º trimestre de 2005”.

André Sá
Foto:Joana Beleza/Arquivo JPN