No último dia do mês, a Universidade do Minho vai escolher o seu futuro reitor. O actual reitor, António Guimarães Rodrigues (à esquerda na foto), recandidata-se a um segundo mandato à frente da quarta maior academia do país, com mais de 17 mil alunos. Mas o seu mandato é fortemente criticado pela candidatura de Moisés de Lemos Martins, que acusa Guimarães Rodrigues de ser um “administrador” da universidade e não um “líder próximo do trabalho académico”, e de ter uma “autoridade excessiva”.

“O grande problema da UM é a governação”, afirma Moisés Martins, presidente do Instituto de Ciências Sociais, ao JPN. O candidato apoiou Guimarães Rodrigues nas eleições de 2002 mas “a prática desta reitoria” desiludiu-o.

“Há quatro anos, o professor Guimarães Rodrigues levantou muitas expectativas. Fez-me acreditar que ele protagonizava um modelo participado”, diz, referindo que a criação de um Conselho de Escolas para fazer a ligação entre a reitoria e as escolas foi uma das medidas prometidas pelo reitor que não foi cumprida.

“Nenhum presidente de escola da UM se revê no modelo que ele [Guimarães Rodrigues] criou. Há apenas comunicações da reitoria às escolas. A agenda é determinada por inteiro pela reitoria”, acusa Moisés Martins, que defende a reposição do cargo de administrador da universidade para além do de reitor. E denuncia ainda que a reitoria valoriza mais as áreas científicas e tecnológicas em detrimento das ciências sociais e humanas.

Guimarães Rodrigues rejeita e desvaloriza as críticas porque, diz, uma campanha eleitoral é “uma altura de inquietação. Há sempre um discurso mais contundente e, por vezes, até volátil”. Mas, mesmo assim, refere: “Quem governa a universidade tem que exercer responsabilidade. A autoridade tem que se exercer com parcimónia”. “Se, porventura, [o debate] não for feito num determinado instituto, não é a reitoria que tem que responder por isso”, remata.

Colégio eleitoral “pouco representativo”

O reitor recusa também a ideia de que falhou no compromisso eleitoral de democratizar o acto eleitoral. A dimensão do colégio eleitoral (quase 90 membros) é entendida por Moisés Martins como “pouco representativa” da academia. Porém, Guimarães Rodrigues recorda que “desde há três ministros atrás que há uma Lei da Autonomia Universitária que está em preparação”. Por isso, a reitoria não quis avançar com alterações no acto eleitoral. “Falar desse aspecto é querer ignorar o enquadramento em que estas coisas se fazem”, acrescenta.

A internacionalização e a abertura da universidade à comunidade são temas em que os programas dos dois professores catedráticos coincidem. Moisés Martins aplaude o “grande trabalho já feito” em estruturas como a TecMinho, que promove a ligação da UM ao tecido empresarial. Guimarães Rodrigues reafirma que a universidade é um “agente” importante na criação de uma “região do conhecimento” no Minho, tendo que, para isso, se reger por parâmetros de qualidade internacional.

Se for reeleito, Rodrigues quer lançar as construções dos edifícios das escolas de Direito e Superior de Enfermagem, a biblioteca central do pólo de Guimarães e a nova sede da associação académica, bem como concluir as obras da Escola de Ciências da Saúde.

Já Moisés Martins quer abrir os “campi” para além do horário das aulas, para que eles possam ter uma “oferta cultural para a cidade”. A construção de uma escola das artes, que tire partido das “competências instaladas” da UM, constitui para o candidato um “desafio estratégico para a região e para a universidade”.

Pedro Rios
Sónia Santos
Fotos: DR