O major Alfredo Reinado, líder dos militares revoltosos e número dois do exército timorense, diz que o Presidente da República, Xanana Gusmão, cometeu um “erro” quando assumiu o controlo da segurança interna de Timor-Leste.

Em declarações à AFP, Reinado criticou ainda o facto de Xanana Gusmão não ter demitido o primeiro-ministro, Mari Alkatiri. Um “criminoso não deveria ser autorizado a ficar no cargo de primeiro-ministro”, disse.

Apesar da presença de uma força militar da Austrália no território, a violência continua em Timor-Leste, avança o jornal australiano “Sydney Morning Herald”.

Ao longo da tarde de ontem, durante o Conselho de Estado que reuniu Mari Alkatiri e Xanana Gusmão para solucionar a crise político-militar que afecta a capital de Timor, Díli, várias casas foram queimadas e lojas foram vandalizadas e saqueadas. A ONU estima que existam cerca de 60 mil desalojados na sequência da recente escalada de violência no país.

Os gabinetes da Procuradoria-Geral e dos ministérios da Justiça e da Direcção de Terras e Propriedades de Timor-Leste não escaparam à onda de violência. Segundo a Agência Lusa, os processos de 1999 referentes aos ataques levados a cabo por milícias pró-Indonésia antes e depois do referendo que deu a independência a Timor desapareceram do edifício da Procuradoria-Geral.

Os 120 elementos da GNR que vão assegurar a manutenção da ordem pública, partem amanhã para Timor.

Inês Castanheira