A Quercus entregou hoje, segunda-feira, ao ministro do Ambiente, Francisco Nunes Correia (na foto), um computador para ajudar o Governo a decidir de forma correcta em termos ambientais.

O “Ambientológico”, uma invenção da Quercus baptizada numa referência “irónica” ao Plano Tecnológico, pretende “chamar à atenção” a sociedade e, em particular, o Executivo “para que não ceda a algumas opções que possam ser interessantes do ponto de vista económico” mas que sacrifiquem o ambiente, disse ao JPN o presidente da Direcção Nacional da Quercus, Hélder Spínola.

O programa apresenta um conjunto de opções no âmbito de várias temáticas ambientais. Consoante a opção, o “Ambientológico” indica se se trata da decisão “correcta” ambientalmente. Também para assinalar do Dia Mundial do Ambiente, a Quercus aponta alguns exemplos de opções que, no entender da associação ambientalista, têm sido incorrectas.

Hélder Spínola destaca a ineficiência energética como um dos aspectos mais “preocupantes” da situação ambiental portuguesa. “Continuamos a esquecer a eficiência energética. Temos um parque habitacional muito pouco eficiente”, exemplifica ao JPN. E sublinha que Portugal continua a ser um dos países europeus com pior eficiência energética.

A gestão da água é outro dossiê sensível na opinião da Associação Nacional de Conservação da Natureza. Hélder Spínola refere que as perdas de água no sector agrícola são “muito elevadas” (88% nas contas da Quercus) bem como nas redes de abastecimento de água potável (35%).

O dirigente da Quercus assinala, contudo, dois pontos em que se verificam melhorias: a opção pelos CIRVER (Centros Integrados de Recuperação, Valorização e Eliminação de Resíduos) no tratamento de resíduos industriais perigosos “em vez da co-incineração a maior nível”, e o “impulso importante” ao nível das energias renováveis, em especial a eólica e a solar.

No entanto, estes avanços têm um “reverso da medalha”. A produção de resíduos não pára de aumentar (em duas décadas cresceu 125%) e a recolha selectiva está ainda muito aquém das metas da Comissão Europeia. Há ainda vários “entraves burocráticos e técnicos” à ligação de pequenos produtores à rede eléctrica.

Hélder Spínola defende ainda que a fiscalidade deveria ser mais utilizada para fomentar mudanças e “penalizar comportamentos com efeitos negativos no ambiente”.

Pedro Rios
Foto: David Pinto/Arquivo JPN