As forças internacionais em actuação no território timorense chegaram hoje, quinta-feira, a entendimento provisório sobre a coordenação dos efectivos policiais dos quatro países.

Segundo o acordo, negociado pelo ministro da Defesa de Timor-Leste, Ramos Horta, a GNR não poderá intervir nas áreas que estão sobre o controlo dos militares australianos e neozelandeses, a não ser que seja chamada a fazê-lo pelos efectivos dessas forças internacionais.

A GNR vai actuar “de imediato”, mas apenas numa zona exclusiva de operações, no bairro de Comoro, na zona ocidental de Díli, disse Ramos Horta.

A decisão, que aguarda agora aprovação no plano político, foi aceite pelas autoridades timorenses e por todos os representantes dos quatro países que destacaram forças em Timor-Leste – Portugal, Nova Zelândia, Austrália e Malásia.

GNR impedida de entregar detidos

Ontem, a descoordenação entre as várias forças policiais no terreno provocou um incidente que ocorreu quando efectivos da GNR tentaram entregar no Centro de Detenção, gerido pelos australianos, dois timorenses detidos em Díli pela equipa de Operações Especiais do Subagrupamento Bravo das forças portuguesas.

Os dois jovens foram detidos por pilharem um armazém de equipamentos do Governo timorense num bairro de Díli, Balide.

A GNR foi impedida de entrar na zona gerida pelos policiais australianos e foi avisada de que só poderia entregar os dois detidos se entrasse no Centro de Detenção desarmada e sob escolta de efectivos australianos. O contingente australiano questionou ainda a legitimidade da GNR para proceder às detenções.

A situação foi gerida através de um intermediário ao telefone, sem que tenha havido “qualquer contacto físico entre elementos da GNR e militares australianos”, disse fonte envolvida nas negociações à Agência Lusa. O contingente português acabou por ter de entregar os dois detidos aos serviços prisionais timorenses em Díli.

Na sequência do incidente, o porta-voz do ministro dos Negócios Estrangeiros, Carneiro Jacinto, confirmou à Rádio Renascença que os efectivos portugueses em Timor-Leste estavam confinados ao quartel português improvisado em Díli. No entanto, horas depois em declarações à Agência Lusa, o ministro da Administração Interna, António Costa, desmentiu que tivesse sido dada qualquer ordem de acantonamento ao contingente da GNR.

Inês Castanheira