“Estamos calmos, temos ouvido os bombardeamentos, mas estamos num lugar seguro, à espera”, contou, esta manhã, ao JPN Caroline Arbadji, uma cidadã portuguesa, enquanto aguardava pelo autocarro que a levará em direcção ao “ferry-boat” com destino ao Chipre.

Como ela estavam cerca de “1000 pessoas a aguardar por 19 autocarros” e os portugueses que ontem não conseguiram embarcar no “ferry-boat” “Iera Petra”, por questões de segurança.

Residente em Beirute há seis anos, Caroline Arbadji tem nacionalidade portuguesa e francesa, estando a ser apoiada por ambos os governos. “O governo português e a embaixada francesa têm estado em contacto connosco diariamente. Ainda agora vieram entregar-me, da parte do cônsul-honorário português, uns sacos-cama”, disse.

Caroline Arbadji aguardava pela viagem para o Chipre com os filhos, de dois e quatro anos. “O meu marido teve de ficar porque temos cá as nossas casas e as pessoas do sul estão a ocupar as casas em Beirute”, acrescentou. Depois do Chipre, vai para Portugal, e espera regressar, mais tarde, ao Líbano. “Quero voltar à minha casa, tenho aqui a minha vida, o meu trabalho”, contou a directora de uma creche em Beirute.

Desde que a ofensiva israelita contra o Líbano começou, a 12 de Julho, Caroline refugiou-se com os filhos “na montanha”. Agora está a contar as horas para ser evacuada para o Chipre. “Estamos assustados. Já há seis dias que estamos em bombardeamentos e com duas crianças pequenas não é muito fácil. Estou muito cansada”, desabafou.

“O que eu peço à comunidade internacional é que Israel deixe de bombardear o Líbano e destruir o país inteiro”, lançou em tom de revolta. “Israel tem de deixar de bombardear e matar inocentes. Está aqui a ser cometido um crime de guerra, centenas de pessoas estão já mortas e um milhão está sem casa”, rematou.

Israel continua ofensiva

Israel decidiu hoje prosseguir com a ofensiva ao Líbano, enquanto o grupo xiita libanês Hezbollah assegurou que tem armamento para “bastantes meses”.

O gabinete de segurança israelita, dirigido pelo primeiro-ministro, Ehud Olmert, reuniu-se hoje de manhã, decidindo prosseguir com as ofensivas no Líbano e na Faixa de Gaza.

De acordo com a rádio militar, Olmert afirmou que as “operações no Líbano devem continuar até que o exército atinja os seus objectivos” e disse que “não haverá negociações” para uma troca de prisioneiros pelos dois soldados raptados pelo Hezbollah.

Um dos membros do gabinete político do Hezbollah, Mohammad Qomati, afirmou hoje que o grupo pode continuar a bombardear o norte de Israel “durante bastantes meses” e que o exército israelita “não conseguiu cortar as vias de aprovisionamento de armas [do Hezbollah] para o sul do Líbano”.

Segundo a polícia israelita, um novo bombardeamento do Hezbollah a partir do Líbano atingiu hoje Haifa, a terceira maior cidade israelita.

A ofensiva contra o Líbano surgiu, a 12 de Julho, na sequência do sequestro de dois soldados israelitas pelo Hezbollah.