O avião C-130 que a Força Aérea portuguesa enviou para o Médio Oriente regressa hoje a Lisboa com 14 portugueses que saíram do Líbano. Dez portugueses residentes em Beirute, que ontem foram de barco para o Chipre, juntamente com quatro turistas que estavam no Líbano, chegam hoje a Portugal. A bordo do C-130 vêm também cidadãos franceses, espanhóis e alguns cipriotas.

Nove dias depois da ofensiva de Israel contra a Líbano, os cidadãos portugueses fogem de Beirute com algum alívio, mas igual dose de preocupação, como descreveu ontem ao JPN a luso-francesa Caroline Arbadji. “O meu marido teve de ficar porque temos cá as nossas casas e as pessoas do sul estão a ocupar as casas em Beirute. Israel tem de deixar de bombardear e matar inocentes. Está aqui a ser cometido um crime de guerra”, desabafou.

O ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado, quer um “papel mais activo da comunidade internacional” na crise do Médio Oriente e admitiu hoje a possibilidade de Portugal integrar uma missão da ONU no sul do Líbano.

Luís Amado classificou como “uma boa medida” o facto de o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, e do presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, terem colocado a possibilidade de reforçar a missão da ONU.

Presidente do Líbano fala em “massacre”

O Presidente do Líbano, Émile Lahoud, disse hoje que a ofensiva israelense contra o seu país é ”terrorismo de Estado” e o bombardeamento é um ”massacre”.

Já o primeiro-ministro libanês, Fouad Siniora, pede ajuda internacional para desarmar o Hezbollah e reconhece que o movimento xiita se converteu num “Estado dentro do Estado libanês”.

A comunidade internacional desdobra-se em apelos ao cessar-fogo. A missão de quatro dias da ONU, enviada a Beirute e Telavive, começa hoje e inclui reuniões com libaneses e palestinianos. A gravidade da situação humanitária levou a União Europeia a decidir, hoje, dar uma ajuda de 10 milhões de euros ao Líbano.

A Rússia também apelou hoje ao “cessar-fogo imediato” no Líbano, advertindo para uma “catástrofe humanitária de grandes dimensões”, de acordo com um comunicado do Ministério das Relações Exteriores.

Ofensiva israelita contra Hezbollah pode durar semanas

A ofensiva militar israelita contra a milícia xiita libanesa Hezbollah pode prolongar-se por “algumas semanas”, disse hoje à rádio pública israelita um dos chefes do comando militar do norte de Israel, Alon Fridman. O coronel avisou ainda que os guerrilheiros do Hezbollah se encontram ao longo dos 110 quilómetros de fronteira com Israel.

Segundo as autoridades militares, o grupo xiita terá um número indeterminado de mísseis iranianos “Zilzal”, capazes de chegar a Telavive, com alcance de 160 quilómetros.

Entretanto, a UNICEF divulgou ontem o documento “Lebanon Immediate Needs”, onde aponta para uma estimativa de custos urgentes para ajudar a população libanesa de 7,3 milhões de euros.

Em declarações ao JPN, Helena de Gubernatis, do Comité Português para a UNICEF, adiantou que Portugal irá participar no “apelo inter-agências das Nações Unidas, que será lançado na próxima semana”, para o financiamento dos próximos meses.

Carina Branco