Um terço do planeta será deserto em 2100 devido ao aquecimento global. A seca extrema atingirá 30% da superfície da Terra, 10 vezes do que actualmente, os animais morrerão à sede e à fome, a agricultura será impraticável.

O cenário é apontado num estudo do Instituto Meteorológico do Reino Unido, o primeiro a quantificar através de um supercomputador a ameaça do crescimento das zonas secas.

A previsão faz hoje capa do diário”The Independent”, com o título “O século da seca”. O jornal afirma que se trata de um dos gritos de alerta mais fortes dos perigos do aquecimento global. E pode até ser um subestimativa já que o estudo não inclui os efeitos potenciais na seca das mudanças no ciclo do carbono da Terra provocadas pelo aquecimento global.

Agências de ajuda humanitária e especialistas em desenvolvimento reagiram com preocupação à previsão, temendo que sejam os países mais pobres os mais atingidos. Citado pelo “Independent”, Andrew Pendleton, da Christian Aid, considerou o cenário “verdadeiramente assustador” e “uma sentença de morte para muitos milhões de pessoas”. “Significará migrações a níveis nunca antes vistas e a níveis que os países pobres não podem aguentar”.

“Quase não há nenhum aspecto da vida nos países em vias de desenvolvimento que estas previsões não minem – a possibilidade de produzir comida, ter um sistema sanitário seguro, a disponibilidade de água. Para centenas de milhões de pessoas para quem viver mais um dia é já uma luta, isto vai empurrá-las para o precipício”, referiu Andrew Simms, um dos maiores especialistas nos efeitos das mudanças climáticas nos países em vias de desenvolvimento, citado pelo jornal.

De acordo com o estudo, cuja versão completa será publicada no final do mês, a superfície do planeta com seca moderada (25% hoje em dia) aumentará para 50% em 2100, enquanto a seca severa, actualmente nos 8%, crescerá para 40%.

Pedro Rios
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Foto: SXC