Os alunos da Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto (FCNAUP) montaram hoje, quinta-feira, uma sala de aula dentro de uma tenda no jardim da faculdade em protesto contra as condições degradadas da instituição. Foi o ponto alto das acções de luta dos estudantes do Porto, no Dia de Alerta Nacional para os Problemas do Ensino Superior.

Há mais de 30 anos que a FCNAUP funciona em pré-fabricados sem “instalações condignas”, critica o presidente da Federação Académica do Porto (FAP), Pedro Barrias.

A FAP organizou hoje várias iniciativas em instituições da Universidade do Porto, Instituto Politécnico e Universidade Católica, para assinalar os problemas com que se debatem os alunos da academia do Porto.

De acordo com Pedro Barrias, foi na FCNAUP que os protestos foram mais visíveis. A acção de luta teve o apoio do Conselho Directivo da faculdade. É o “mais grave” dos problemas da academia portuense porque “arrasta-se há muito tempo”, destaca o dirigente da FAP.

O actual edifício tem 1.687 metros quadrados e quatro salas de aula, o que obriga os alunos a deslocarem-se a outras faculdades. Há ratoeiras à porta da faculdade e em salas de aula, exemplifica Barrias.

A construção do novo edifício de Nutrição voltou a não ser inscrita no Plano de Investimentos e Despesas de Desenvolvimento da Administração Central (PIDDAC) para 2007, tal como aconteceu no ano passado. O projecto para o edifício já existe e prevê uma área de 8 mil metros quadrados, mais do quádruplo do espaço. No protesto de hoje, foi distribuído um abaixo-assinado a exigir melhores instalações.

Propinas e Bolonha

O “roteiro reivindicativo” da FAP passou por várias instituições de ensino superior do Porto.

Esta manhã, na Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico, foi contestado o valor das propinas.

À hora de almoço, foi servida uma “Massa à Bolonhesa” na cantina da Faculdade de Ciências. No Instituto Superior de Engenharia do Porto, um “Circo Bolonha” foi a forma encontrada para criticar a forma como o processo tem sido gerido.

Noutros pontos do país, os motivos de luta foram semelhantes: aumento das propinas, adaptação ao Processo de Bolonha, cortes na acção social, para além dos problemas específicos de cada instituição.

Em Coimbra, alguns estudantes bloquearam a Rua Padre António Vieira, que dá acesso ao Pólo I da universidade. O protesto, organizado pela Associação Académica de Coimbra, visou contestar os cortes financeiros à universidade decididos pelo Governo.

Pedro Rios
prr @ icicom.up.pt
Foto: Arquivo JPN