A gestão empresarial pode ser uma solução para o futuro profissional dos estudantes de jornalismo e comunicação. Na quinta edição do Encontro Nacional de Estudantes de Jornalismo e Comunicação (ENEJC), que decorreu este fim-de-semana em Leiria, o director da revista “Media XXI”, Paulo Faustino, defendeu que, apesar de tal ainda ser considerado um tabu em Portugal, “os ‘media’ são um negócio”.

De acordo com o empresário, que falava num painel dedicado às empresas de “media”, este mercado “vai gerar muitas oportunidades dada a crescente tendência para a subcontratação” apesar da muita oferta existente.

É aqui que os alunos podem tomar iniciativa, apontou o director da “Media XXI”, do grupo Formalpress. “Hoje em dia é possível criar microempresas rentáveis porque estas se dirigem a um nicho do mercado suficiente para gerar receita que não atrai as grandes empresas”, disse.

Partindo da sua própria experiência, Paulo Faustino referiu ainda a importância que a aposta na formação contínua constitui num mercado tão saturado em que só “os mais competitivos” se afirmam.

Mercado português é “muito conservador”

No mesmo painel, o director da revista “Invest”, João Paulo Leonardo, disse que “Portugal é muito conservador quanto à comunicação social”, vista como algo que “tem de ser cultural e não rentável”. O jornalista sustentou que “as questões deontológicas e económicas não têm que se anular”.

Os apoios do Estado, o acesso ao capital através de parceiros e o “outsourcing” foram algumas das dicas que o director da “Invest” deu aos estudantes que se queiram aventurar no mercado da comunicação.

Licenciaturas devem ser melhoradas

Para João Paulo Leonardo, o número de recém-licenciados desempregados na área do jornalismo não é apenas um problema de mercado, que está sobrecarregado, mas explica-se também pelo carácter geral das licenciaturas.

Ao JPN, o director da “Invest” defendeu um “upgrade” das licenciaturas com áreas de especialização, de forma a preencher lacunas nas próprias empresas de “media”, que “não têm capacidade para absorver jornalistas todo-o-terreno e formá-los”.

Também Paulo Faustino considerou fulcral o papel das universidades. A integração de uma cadeira de gestão empresarial nas licenciaturas de jornalismo e comunicação pode ajudar os alunos a criar oportunidades profissionais, defendeu.

Daniela Lavos Costa
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Fotos: Joana Beleza / Arquivo JPN
Daniela Lavos Costa