A 12ª Conferência Internacional sobre o Clima, que começa hoje no Quénia, quer chegar a um acordo quanto à continuação do protocolo de Quioto, que acaba em 2012. “A principal expectativa é que no próximo ano o nosso futuro já esteja garantido, ou seja, precisamos saber o que vai acontecer em 2012”, diz Francisco Ferreira, membro da direcção nacional da Quercus.

Para o ambientalista, que estará na cimeira a partir de sexta-feira, o principal objectivo do encontro é “olhar e reflectir sobre os impactos das alterações climáticas”. “Esta é uma cimeira anual que se realiza em diferentes partes do globo. O Quénia foi o país escolhido por ser uma zona de África que vai sofrer com as alterações do clima, nomeadamente com as secas ou as cheias”, diz ao JPN.

Os países em desenvolvimento, a União Europeia e os ambientalistas vão pressionar Washington para reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEE) depois de 2012.

“O ideal seria trazer os EUA e a Austrália para as negociações e ir na direcção do que os cientistas consideram. É necessário reduzir 60 a 80% a emissão dos GEE até 2050. É urgente negociar e chegar a compromissos”, sublinha o representante da Quercus no encontro.

Segundo Francisco Ferreira, Quioto não deixa de ter utilidade mesmo sem a participação dos EUA e da Austrália. “É um protocolo vital para mostrar que é possível combater as alterações climáticas. Estaríamos muito atrás se não tivéssemos Quioto”, diz.

Portugal e países em desenvolvimento

Para Francisco Ferreira, “a situação de Portugal não é boa”. “O país já foi multado em 35 milhões de euros pelo excesso de poluição. A diminuição das emissões de GEE deveriam ser de 1% ao ano, o que não vai ser fácil”.

No caso de países em desenvolvimento, como a China e a Índia, Francisco Ferreira defende que devem ser exigidas outras medidas que ajudem a combater as alterações climáticas.

“Não podemos impor limites aos países em desenvolvimento mas podem ser feitas outras coisas, como o financiamento das energias renováveis, o combate aos fogos florestais, à desertificação e degradação das florestas”, refere.

O dirigente da Quercus refere que seria uma injustiça impôr medidas aos países em desenvolvimento. “Se os EUA, que representam mais de um quinto das emissões dos GEE, não se submeteram a Quioto, seria injusto, do ponto de vista ético, impôr restrições para os países em desenvolvimento. As medidas devem ser aplicadas com algum cuidado”, aponta.

Alice Barcellos
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Foto: SXC