Grandes produções, sucessos de bilheteira, eventos educativos e modernização dos recursos são as apostas de Filipe La Féria para o novo modelo de gestão do Teatro Rivoli. A gestão da Bastidores deve começar em Maio de 2007, após a previsível aprovação pela maioria PSD/PP na Assembleia Municipal.

As receitas de bilheteira e os patrocínios de empresas do norte são as principais fontes de sustentação económica do projecto da Bastidores, a produtora de La Féria. Esta foi uma das razões que levaram a autarquia a privilegiar a proposta do encenador lisboeta, que vai gerir o teatro Rivoli, durante quatro anos.

Em entrevista ao JPN, em Maio do ano passado, declarou: “Sou contra esta dependência tão grande que os artistas têm perante o Estado. É por isso que nem concorro aos subsídios. O meu grande subsídio é o público”. A “subsídiodependência” tem sido um dos temas recorrentes no discurso de política cultural do presidente da Câmara do Porto, Rui Rio.

Nesta linha, La Féria, produtor de êxitos de bilheteira como “Amália” e “My Fair Lady”, promete apostar nas grandes produções para o auditório principal do Rivoli. Já o pequeno auditório será um espaço para eventos educativos e infanto-juvenis, como, por exemplo, a encenação de obras de leitura obrigatória dos programas escolares.

A vida e a obra de Carmen Miranda são o tema do primeiro grande espectáculo que o encenador levará ao palco do Rivoli – uma megaprodução que vai de encontro às ideias de La Féria de produzir teatro para as multidões.

“O teatro é para todos”

“Existe muito pouca oferta em Portugal. Só há um único género de teatro para um público que se acha mais inteligente do que os outros. A cultura é sempre um privilégio de classe e eu luto – até pela minha formação – contra isso. Acho que o teatro é para todos”, afirmou La Féria ao JPN, no ano passado.

“Talvez se abuse e se use apenas de um género de teatro. O Porto tem o Teatro Nacional S. João, o Carlos Alberto, o Seiva Trupe, mas é um teatro um bocadinho distante do gosto do público”, disse.

La Féria propõe também tentar optimizar os recursos e adoptar um modelo de gestão mais moderno, sem prejuízo da qualidade dos eventos e espectáculos. A Bastidores está sujeita a uma série de exigências previstas pela Câmara do Porto para que a programação do teatro não perca qualidade.

A produtora foi a escolhida entre mais quatro concorrentes: INATEL, Portoevento, Miltemas e Plateia. Segundo a autarquia, a proposta de gestão da Bastidores é a que apresenta melhores condições para assegurar a gestão do teatro, garantindo uma programação apelativa e mobilizadora de grandes públicos.

Alice Barcellos
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Foto: Arquivo JPN