Uma petição contra a actual Terminologia Linguística para o Ensino Básico e Secundário (TLEBS), em experimentação nalgumas escolas, foi entregue hoje na Assembleia da República. O documento, redigido por um conjunto de encarregados de educação, reuniu mais de oito mil assinaturas na internet.

“Não há materiais que possam elucidar os alunos, não existem gramáticas e manuais sobre a nova terminologia linguística. Os próprios docentes não tiveram formação para ensinar e não há uma articulação da TLEBS entre todas as disciplinas”, explica ao JPN Maria José Viseu, presidente da Confederação Nacional das Associações de Pais (CONFAP).

“A terminologia linguística não está a ser implementada de igual forma em todas as escolas”, refere. A nova TLEBS, aprovada pelo Ministério da Educação em 2004, começou a ser leccionada de forma quase generalizada neste ano lectivo, mas ainda em experiência, nos 3º, 5º e 7º anos. É possível que em 2009 se estenda a todo o sistema de ensino.

No entanto, “a experimentação não está generalizada”, aponta a presidente da CONFAP, que refere ainda que “este método de experimentação, definido pelo Ministério da Educação, pode causar a confusão nos alunos e “pôr em causa a educação”. “Não é com estes novos conceitos que vamos combater o insucesso escolar”.

A petição, que conta com a assinatura de 28 professores catedráticos, reuniu mais de quatro mil assinaturas, o que já é suficiente para ser alvo de discussão no Parlamento. “Espero que [a petição] relance o debate público sobre esta questão”, refere a presidente da CONFAP.

A terminologia linguística é uma lista de palavras com a definição que deve ser seguida pelos professores dos ensinos básico e secundário, com o objectivo de uniformizar a linguagem.

Mesmo conceito, mesma palavra

Já a Associação dos Professores de Português (APP) mostra-se favorável à aplicação de uma terminologia. “É necessário uma uniformização e actualização da terminologia linguística. Não sabemos se é esta ou se é outra”, realça ao JPN o presidente da APP, Paulo Feytor Pinto.

“Só podemos saber se a terminologia linguística é válida se for experimentada entre alunos. É difícil saber se ela é boa sem ter sido experimentada, como também não se pode dizer que é má”, sustenta.

“Se a petição for para acabar com a terminologia actual e pôr em funcionamento a que estava antes, será uma pena”, lamenta o presidente da APP.

O problema já foi detectado há 30 anos. A primeira solução apareceu há 16 anos, mas, observa Feytor Pinto, “ninguém consegue avançar com coisa nenhuma”.

Segundo a APP, a experimentação da TLEBS “deve ser restrita”. Caso contrário seria uma “generalização e não uma experimentação”. O que se pretende é que, “ao longo dos 12 anos de ensino, os professores usem a mesma palavra para referirem os mesmos conceitos”, explica.

O presidente da APP exemplifica: “um professor diz ‘nome’, outro ‘substantivo'”. Feytor Pinto realça ainda que “a terminologia não intefere nos programas escolares vigentes”.

Alice Barcellos
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Foto: Morguefile