O Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC, na sigla inglesa) começa a analisar hoje, na sede da UNESCO em Paris, os problemas relacionados com as alterações climáticas. As conclusões não são optimistas e a acção do Homem é apontada como uma das principais causas do aquecimento global.

O resultado deste encontro, que reúne cerca de três mil cientistas, será o quarto relatório do IPCC, que deve ser divulgado a 2 de Fevereiro.

O IPPC é um organismo criado pela ONU em 1988. Desde então, cientistas de todo o mundo analisam os problemas e soluções relacionados com o aquecimento global. O relatório IPCC 2007 vai resumir o que de mais importante se estudou sobre o assunto nos últimos cinco anos.

Deverá também fornecer previsões sobre o fenómeno, as suas consequências e impactos, bem como fazer um ponto da situação actual e indicar soluções para o poder político.

Conclusões pessimistas

O relatório, que assenta em bases científicas sobre o aquecimento global, é o mais importante sobre a questão. Apesar de só ser divulgado publicamente em Fevereiro algumas conclusões já foram apresentadas pelo diário espanhol “El País”.

A temperatura da Terra subirá entre 1,9 e 4,6 graus neste século, dependendo da quantidade de gases de efeito estufa (GEE) que forem emitidos na atmosfera. O IPCC realça que a acção do homem está a contribuir para o agravamento da situação, o que não foi tão frisado no último relatório, de 2001.

Os GEE libertados durante a combustão de carvão, petróleo ou gás são a principal causa do aquecimento global. Estes gases (dióxido de carbono, metano ou óxidos de nitrogénio) acumulam-se na atmosfera durante anos, impedindo a saída de calor.

O relatório de 2007 sublinha que situações extremas dos dias de hoje, como as secas e as ondas de calor, podem ser causadas pelas mudanças climáticas produzidas pela acção do Homem.

Nos últimos 100 anos, o nível do mar subiu 17 centímetros. Neste século, a subida das águas estará entre os 28 e 43 centímetros. O derretimento dos glaciares está a contribuir para a subida do nível do mar. O Ártico perde em cada década, desde 1978, 7,4 da sua camada gelada no Verão.

Desde o início do século que se observa um aumento da precipitação na América do Sul e Norte e na Europa setentrional. Em contrapartida, regista-se um clima mais seco no sul de África e Ásia e no Mediterrâneo. Secas mais intensas e prolongadas estão a ser observadas em áreas mais amplas, desde 1970, principalmente nos trópicos e subtrópicos.

Alice Barcellos
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Foto: SXC