As conclusões do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas divulgadas hoje não trazem “grandes novidades” mas poderão levar ao “despertar” dos cidadãos, que podem, depois, “pressionar os seus governos”. Para o presidente da Quercus, Hélder Spínola, “é preciso começar já” a reduzir as emissões de gases de efeito estufa.

“Não podemos colocar no futuro. Os governos actuais não podem demitir-se das suas responsabilidades”, afirma ao JPN, considerando que a última década foi “um tanto ou quanto desperdiçada”.

O relatório indica que a acção humana é a grande responsável pelas alterações climáticas. Os cientistas concluíram que há 90% de hipóteses de que o aquecimento global causado nos últimos 50 anos tenha sido culpa do Homem. O último relatório, de 2001, referia uma probabilidade de 66%.

Face a estes números, o ambientalista sublinha a “urgência” na tomada de acções. Por isso, defende que até 2008 devem surgir metas que substituam para evitar um período de “vazio” após o Protocolo de Quioto, que expira em 2012.

Os novos compromissos terão que ser ambiciosos, avisa Hélder Spínola, que recorda que o processo de aquecimento global é já irreversível. Importa agora minimizar o seu avanço.

Com os últimos estudos científicos, que o Painel Intergovernamental teve em conta nas conclusões hoje divulgadas, torna-se “difícil” a países como os Estados Unidos ficarem de fora de um novo protocolo de redução de emissões de gases de efeito de estufa, como fizeram com o de Quioto.

Apesar da consciencialização recente em torno do tema, é preciso que os países assumam metas importantes. “Temo que os compromissos fiquem aquém do necessário”, afirma o presidente da Quercus.

A descida de 30% nas emissões anunciada pela União Europeia, se acompanhada pelos restantes países, é a “possível”, admite, “até porque o grau de dependência do petróleo que ainda existe” não permite mudanças bruscas.

Pedro Rios
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Foto: SXC