O acordo com a Universidade do Texas em Austin (UTA) pode vir a passar também pela nanotecnologia. A instituição norte-americana considerou-a uma área “emergente” em Portugal. Nos próximos meses será estudada a possibilidade de alargar a colaboração de cinco anos com o Governo português a este domínio.

Fonte do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior disse ao JPN que o relatório de avaliação produzido pela UTA [PDF] está agora disponível para consulta pública durante 15 dias, à procura de “contributos” de outras instituições, para além das que já estão envolvidas. O programa deverá ser apresentado em Março, data em que será conhecida a sua data de arranque.

A educação avançada e o desenvolvimento de um consórcio internacional orientado para a valorização económica da ciência e tecnologia, bem como o desenvolvimento de novas empresas de base tecnológica são os vectores principais do acordo, que se segue aos firmados com a Universidade de Carnegie Mellon e com o MIT.

Quatro áreas já definidas

Entre Março, data de assinatura do protocolo de colaboração, e Novembro do ano passado, membros da UTA visitaram instituições portuguesas e discutiram propostas de trabalho conjunto em quatro áreas já definidas: conteúdos digitais e multimédia, computação em rede, matemática e a criação da University Technology Enterprise Network (UTEN).

A UTEN será uma rede virtual que envolverá 15 universidades portuguesas e alguns dos seus gabinetes de transferência de tecnologia, centros de pesquisa e incubadoras, a Agência de Inovação e o Instituto IC2 da Universidade do Texas.

O licenciamento de tecnologia será uma das fontes de receitas da rede. O acordo envolverá também financiamento público.

Entre os objectivos da UTEN estão facilitar o acesso de Portugal ao mercado norte-americano e ser um “catalisador” da transformação do país numa economia baseada na inovação.

Entre as “falhas críticas” identificadas no relatório de avaliação da UTA, divulgado esta sexta-feira, está a ligação da investigação de qualidade produzida nas universidades às necessidades da indústria. Mas os membros da universidade americana notam também que Portugal está numa “posição promissora” para ser competitivo através da inovação científica e tecnológica.

Instituições envolvidas

As universidades do Porto e Nova de Lisboa (UNL) vão acolher “centros de educação e pesquisa de excelência” na área dos conteúdos digitais e da multimédia, coordenada pelo professor António Câmara, docente na UNL.

Na computação em rede, figuram a UNL, as universidades de Coimbra e Minho e o Laboratório de Instrumentação e Física Experimental de Partículas. José Cardoso e Cunha, professor na Nova, será o coordenador desta área, para além de liderar o CoLab, organismo que vai apoiar os vários programas e facilitar os procedimentos burocráticos.

O Instituto Superior Técnico (IST), as universidades de Coimbra e Lisboa e a UNL estão envolvidos no programa de matemática, que passa pela criação de um doutoramento “atractivo internacionalmente”, marcado pela cooperação entre instituições portuguesas e a UT. A coordenação será feita por Diogo Gomes, professor no IST.

Pedro Rios
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Foto: SXC