A criação da semana da Moda Porto-Lisboa revela-se como uma nova estratégia para projectar as marcas portuguesas a nível nacional e intenacional. Um dos grandes objectivos do projecto é dar visibilidade ao sector da moda para que este seja reconhecido internacionalmente.

Fonte do Instituto de Comércio Externo de Portugal (ICEP) afirmou hoje, sexta-feira, ao jornal “Público” que o esforço abriu “nichos de mercado internacional”, assim como permitiu “a abertura de pontos de venda em Portugal de alguns estilistas nacionais”.

O Portugal Fashion é uma forma de aproximar estilistas e a indústria e de ajudar os jovens a lançarem-se no mercado de trabalho. A alteração do paradigma do sector, devido à nova organização do comércio à escala mundial e à liberalização do sector, obriga a um investimento em bens imateriais (marca, moda, design e criatividade).

Segundo Paulo Nunes Almeida, responsável pela ANJE, é preciso “reposicionar o produto na cadeia de valor”. De modo a atrair mais comercialização e fugir à concorrência dos países com capacidade de produção a custos baixos, o Portugal Fashion procura um sector mais moderno e competitivo.

Grande parte do sector têxtil actua em “private label”, ou seja, outra empresa produz um produto com a marca do criador. Em declarações ao JPN, Paulo Nunes Almeida considera que “não poderiamos correr o risco de um momento para o outro mudarmos de ‘private label’ para um sector marca própria”.

O responsável pela ANJE refere que é um processo evolutivo, que demora o seu tempo. Cada empresa tenta depender menos do ‘private label’ e mais da sua marca, mas esse passo obriga, na opinião de Nunes Almeida, a investimentos para aumentar a margem de comercialização.

No ano de 2006, houve um aumento das exportações relativamente a 2005, porém, a concorrência desleal dificulta a tarefa. O futuro não está apenas dependente dos empresários, mas da capacidade das políticas dos governantes, da Organização Mundial do Comércio e da capacidade de defesa de Portugal e da Europa.

Paulo Nunes Almeida indica que os “empresários têm consciência que é um futuro com grandes obstáculos, com grandes dificuldades, que eles estão a preparar ultrapassar”.