Parte dos trabalhadores da fábrica de calçado Rohde, localizada em Santa Maria da Feira, concentraram-se esta sexta-feira de manhã junto ao edifício da autarquia local como forma de protesto pela eminente falência da empresa e o atraso no pagamento dos salários.

Foi convocada uma reunião de emergência com a administração da empresa, a seguir à qual os trabalhadores se dirigiram para o edifício da autarquia onde conferenciaram com o presidente Alfredo Henriques.

A empresa-mãe da Rohde, na Alemanha, entrou em processo de insolvência. Os funcionários não recebem salários desde Fevereiro.

A autarquia de Santa Maria da Feira já tinha assegurado, segundo noticiou a TSF, a avaliação de medidas de apoio para os empregados da fábrica. Alfredo Henriques referiu que partilha das preocupações dos trabalhadores e tem esperança que a situação tenha um desfecho feliz.

Os trabalhadores da Rohde decidiram aguardar até segunda-feira para decidir sobre uma suspensão do contrato de trabalho.

Ministro acompanha situação

O ministro da Economia, Manuel Pinho, assegurou estar a par da situação, tendo encetado e mantido contactos com a empresa. “Naturalmente estou a acompanhar a situação, que tem por base as enormes dificuldades da casa-mãe na Alemanha e estamos em contacto, não só com o director geral das duas fábricas em Portugal, mas também com os advogados da empresa”, disse.

No entanto, o ministro reconhece que é uma situação complicada, já que a “raiz” da Rohde, na Alemanha, apresenta problemas semelhantes e terá de despedir pessoal.

Acabada a reunião com o presidente da autarquia, reinava o desânimo, a confusão e a expectativa entre os trabalhadores, que continuam a ignorar o destino da empresa. O administrador da empresa já sossegou os empregados, alegando que até segunda-feira haverá um desfecho para o caso.

O JPN tentou, sem sucesso, obter declarações da Câmara da Feira.

Têxtil e calçado entre os sectores mais afectados pelo desemprego

Fonte do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) revelou ao JPN que as “profissões que exigem maior qualificação tecnológica são as que apresentam maior taxa de desemprego, o que contempla os licenciados”.

O IEFP considera que uma das maiores debilidades do mercado de trabalho em Portugal se prende com baixos níveis de habilitação escolar e pouca qualificação de mão-de-obra.

“Mantêm-se as assimetrias regionais, que se traduzem na concentração relativa do desemprego nas áreas metropolitanas e algumas áreas rurais”, disse a mesma fonte.

Continua a tendência de maior desemprego na zona Norte, com 47,2% de taxa de desemprego. É também no Norte que o desemprego de longa duração (mais de um ano) é mais representativo – 49,7%.

No primeiro semestre de 2006, a procura de emprego no sector de têxteis e calçado foi a terceira mais intensa, com 4.485 pessoas a procurar emprego, um aumento de 1,9% face ao ano anterior.