Belmiro Azevedo anunciou esta terça-feira que Paulo Azevedo será o próximo a comandar a Sonae SGPS. No entanto, Belmiro de Azevedo não se retira da empresa, mantendo-se como presidente do conselho de administração, o chamado “chairman”, pessoa que terá sempre uma palavra nas decisões importantes, transmitindo a sua experiência de 42 anos dedicados à Sonae.

Na administração da Sonaecom sai Paulo Azevedo, para assumir a liderança da Sonae, e cede o lugar a Ângelo Paupério.

A sucessão de Belmiro de Azevedo foi comunicada durante a apresentação das contas da empresa relativas a 2006. O resultado líquido consolidado da Sonae SGPS no ano passado foi de 339 milhões de euros, o que representa um crescimento de 74 milhões (27,6%) em relação a 2005. O Modelo Continente e os centros comerciais foram os principais responsáveis pelo crescimento.

O volume de negócios aumentou também 6,5% face a 2005, o que corresponde a 4,384 milhões de euros. Para este valor contribui a facturação sobretudo do Modelo Continente e também da SonaeCom.

O lucro da empresa antes de retirado os valores de impostos, juros, amortizações e depreciações (EBITDA) aumentou 8,3% em 2006 (599,1 milhões de euros) quando comparado com o ano anterior (553,3 milhões de euros).

OPA “não morreu”

Belmiro de Azevedo garantiu que a OPA da Sonaecom sobre a PT e a PT Multimédia “não morreu”. Preferiu dizer que “é um processo em curso porque não houve construção de uma nova solução” e que adiantou que “existirá outra solução”.

O agora “chairman” da Sonae fala numa vitória dos “bloqueadores do progresso” e acusa a actual composição accionista da PT de “instável, sem projecto de curto ou médio prazo que sirva os interesses dos portugueses e do país”. Por isso, afirma que a PT “será sempre ‘opável’ enquanto não tiver liderança do ponto de vista accionista”.

Mas as principais críticas vão para a actuação do Governo. “Esperávamos que o Governo, no momento certo, indicasse um voto óbvio de apoio à operação como sendo a maneira mais rápida e segura de cumprir as suas promessas e desejo de criar um ambiente competitivo no sector e, ao mesmo tempo, encontrar uma solução de longo prazo para a PT com garantia de gestão competente”, disse Belmiro de Azevedo. No entanto, lamenta que “erraram ao considerar a decisão do Governo”

Belmiro lembra que o Executivo prometeu neutralidade até ao momento da decisão e refere a existência de “estranhíssima parceria público-privada” no processo. Lamenta que o Governo se tenha “refugiado atrás da independência da Caixa Geral de Depósitos”.