A exactamente um mês das eleições presidenciais, a disputa por um lugar no Eliseu entra numa fase decisiva. Esgrimem-se argumentos, discutem-se promessas, apela-se cada vez mais ao voto. Até porque a corrida deixou de ser a dois. Nos últimos dias, o candidato do centro François Bayrou teve uma subida fulgurante nas sondagens, ganhando maior consistência a hipótese de uma segunda volta com três candidatos.

Segundo a imprensa, o crescente protagonismo do candidato da União para a Democracia Francesa (UDF) deve-se ao arrastamento do eleitorado para o centro-direita: 61% dos franceses mostra-se avesso a qualquer um dos extremos e não quer nem a direita, nem a esquerda no poder.

Apesar de os analistas não acreditarem numa vitória, a verdadade é que Bayrou tem vindo a surpreender os próprios franceses. Ora virando-se para a esquerda, ora piscando o olho à direita, o centrista tem aproveitado as contradições em que têm caído os dois favoritos à sucessão de Chirac.

Defendendo que “a França precisa de uma revolução pacífica”, Bayrou continua a ser prudente nas promessas, mas audaz na campanha de rua. O candidato do partido cuja referência principal é Valery Giscard d’Estaing visitou recentemente os bairros periféricos de Paris, onde se sabe que Sarkozy não é benvindo, depois dos distúrbios de Outubro de 2005.

“Ségo” com vida difícil

A popularidade de Bayrou preocupa cada vez mais os adversários que defrontam-se com problemas dentro ou fora do partido. No Partido Socialista Francês (PSF), o estado de graça acabou para Ségolène Royal. A par de algumas gafes, “Ségo” é acusada de falta de substância, generalidades e de possuir poucos conhecimentos ao nível da política externa.

Internamente, a candidata socialista só agora começa a conseguir unir o partido. Depois de inicialmente se terem recusado apoiar “Ségo”, o ex-primeiro-ministro Lionel Jospin e Dominique Staruss-Kahn cederam e juntaram-se agora à campanha a favor da antiga ministra da Educação.

Chirac apoia Sarkozy

À direita, e apesar de continuar a ser apontado como o grande favorito ao Eliseu, o primeiro-ministro Nikolas Sarkoy, da União para um Movimento Democrático (UMD), passou agora ao ataque. Esta quarta-feira, fez o primeiro discurso em que criticou duramente os adversários. Como escrevia o diário francês “Le Monde”, o objectivo de “Sarko” é “atacar Ségolène Royal para atingir François Bayrou”.

“Sarko” tem posto em causa algumas promessas dos adversários, ao mesmo tempo que procura acalmar a polémica sobre a criação do Ministério de Imigração e Identidade Nacional e melhorar a sua imagem junto dos jovens. Recentemente, numa entrevista a uma rádio juvenil, surpreendeu ao prometer a despenalização do consumo das drogas leves.

Também esta quarta-feira, o Presidente da República francesa, Jacques Chirac, declarou que vai apoiar e votar em “Sarko”, com quem tem divergências de longa data. Com um rosto carregado, o chefe de Estado justificou a sua escolha com o facto de a formação política que fundou há cinco anos, a UMP, ter decidido apoiar a candidatura do actual ministro do Interior.

Outra vez Le Pen

Entre as doze candidaturas, destaca-se ainda a do radical Jean Marie Le Pen e do activista anti-globalização José Bové. Le Pen volta a ser o rosto da extrema-direita nas eleições presidenciais e procura repetir o feito de 2002, quando disputou o lugar da presidência com Jacques Chirac na segunda volta.

O candidato da Frente Nacional surge no quarto lugar das intenções de voto, mas a uma distância que parece deixá-lo longe das expectativas de um resultado semelhante ao do último escrutínio.