A retenção de 15 marinheiros ingleses pelo Irão, na passada sexta-feira, continua a causar controvérsia. As autoridades do país voltaram atrás na intenção de libertar a única mulher entre os soldados feitos reféns, Faye Turney, alegando que o Reino Unido teve uma atitude incorrecta ao tentar obter uma declaração do Conselho de Segurança das Nações Unidas condenando o regime iraniano pelo encarceramento dos militares em águas do Iraque.

A situação assumiu contornos ainda mais críticos depois da televisão do Irão ter exibido imagens do quotidiano dos detidos, às quais o governo inglês reagiu muito mal. As cenas reproduzidas agitaram os ânimos.

A imagem mais marcante mostrava uma entrevista com Turney, a mulher soldado, em que afirmava ter entrado ilicitamente em águas territoriais iranianas. Por essa altura, veio a público uma carta assinada pela soldado em que se desculpava perante os iranianos.

O primeiro-ministro inglês, Tony Blair, voltou a reforçar que pretende a libertação rápida dos detidos, assegurando que vai continuar a pressão que tem sido exercida sobre as autoridades de Teerão até que seja atingido esse intento. Blair ameaçou esta quinta-feira o Irão com “medidas” alternativas que o governo inglês poderá adoptar caso a libertação não se verifique.

Tal como explanou o primeiro-ministro, a pressão será exercida “junto das Nações Unidas e da União Europeia, mas não só”. Como referiu Blair, vão ser analisadas mais providências para resolver a situação de forma rápida.

As ameaças britânicas ainda não surtiram resultados, mantendo-se o clima de tensão. Esta quinta-feira assistiu-se a uma nova vaga de imagens dos soldados, mesmo debaixo de uma onda de protestos. Uma nova carta alegadamente redigida por Faye Turney veio a público, desta feita dirigida ao Parlamento inglês. No documento, são indagados os motivos da permanência das tropas no Iraque, ocupando zonas populadas maioritariamnente por xiitas, perto do Irão.

O responsável máximo do Conselho Nacional de Segurança do Irão, Ali Larijani, reiterou publicamente que a mobilização social para obrigar o Irão a libertar os soldados “não vai resultar”.

Segundo os iranianos, a armada inglesa já tinha entrado seis vezes em águas territoriais do país. As autoridades já clarificaram que deixarão partir os soldados apenas quando o Reino Unido admitir o erro. Por outro lado, os londrinos afirmam estar certos de que os marinheiros não entraram em território iraniano, sendo a detenção ilícita, e que não há lugar a acordos entre nações.