Os incidentes do clássico entre o Benfica e o FC Porto levaram a Associação Portuguesa de Adeptos (APA) a alertar, “uma vez mais”, para a necessidade de os órgãos máximos que gerem o futebol tomarem medidas urgentes de prevenção contra a crescente insegurança nos estádios.

“A APA está farta de fazer avisos às entidades para que os adeptos não organizados tenham palavra em tudo o que se passa no desporto nacional”, pode ler-se no comunicado disponível no “site” da associação.

O presidente da APA, Costa Pereira, lamenta que a associação esteja a ser ignorada pelos responsáveis máximos do futebol português. “Há um mês e meio pedimos uma reunião à Liga Portuguesa de Futebol por causa destes casos e ainda não obtivemos resposta, revela ao JPN.

“O secretário de Estado do Desporto, com quem já mantive alguns contactos, já disse que quer que a associação faça um protocolo para que possa fazer chegar aos adeptos mensagens de fair-play. Até hoje, já lá vai um ano, nada se fez”, continua.

Por isso, na opinião de Costa Pereira, só através da associação é que se pode “fazer convergir esforços” num único sentido. E só com “uma carga de associativismo forte”, diz o dirigente, é que a associação, que conta neste momento com cerca de seis mil associados, se pode impor perante os “senhores que andam a brincar com os adeptos”.

O dirigente revela que, pelos e-mails que a associação tem recebido, há muita gente descontente com o estado actual das coisas e que defende a realização de uma greve, tal como se sucedeu em França, onde os adeptos conseguiram resolver algumas questões.

“Em Inglaterra já existem associações de adeptos há muito tempo e é o próprio Estado que as financia”, diz
Costa Pereira que aponta ainda o exemplo do Brasil, onde já existe o estatuto de adepto e onde as associações têm um papel importante na estrutura do futebol.

Problemas e soluções

Relativamente aos desacatos ocorridos no Estádio da Luz, o presidente da APA não entende como se pode colocar os adeptos de um clube visitante num dos topos do estádio. “Quem foi a pessoa inteligente que se lembrou de pôr uma claque no topo de um estádio?”, questiona.

Para Costa Pereira, a Polícia de Segurança Pública (PSP) é a grande responsável pelos incidentes da partida da última jornada. “Se viam que a claque estava mal colocada, tinham que o dizer. Ficou demonstrado que em Portugal basta trinta pessoas querer para não haver segurança”, afirma, lembrando que já houve jogos em que três mil adeptos ficaram colocados em locais onde só cabiam 1.500.

O dirigente nota ainda que nem o Estádio de Alvalade, nem o da Luz têm destinada uma bancada exclusiva para os adeptos visitantes. “Só no Estádio do Dragão é que há uma determinada faixa de cima a baixo – e nunca na lateral – para a colocação de visitantes”, sublinha.

Para evitar problemas como aqueles que se passaram no clássico deste fim-de-semana, Costa Pereira propõe que os torniquetes dos estádios possuam sistemas iguais aos dos aeroportos que detectem objectos que não são permitidos nos estádios. É uma forma de “desencorajar os prevaricadores”.

Outra solução apontada pela associação é fazer com que as claques cheguem aos estádios com duas horas de antecedência para cada que elemento ser revistado convenientemente.