Fazer compras até à meia-noite na baixa do Porto vai ser uma realidade no final do mês de Abril. A iniciativa levada a cabo pela Associação de Bares da Zona Histórica do Porto (ABZHP) conta com a disponibilidade de comerciantes e empresários de animação nocturna.

O projecto vai arrancar com 30 estabelecimentos – um número considerado suficiente para testar a reacção do público. O presidente da ABZHP, António Fonseca, garante que “a receptividade foi total” por parte dos empresários contactados. Vai ser divulgado um roteiro das lojas, bares e discotecas aderentes.

Atrair clientes e pessoas em geral para a baixa do Porto à noite e estabelecer uma ligação com bares e discotecas são os principais objectivos. Numa fase posterior, a ideia é “alargar o máximo possível”, afirma o presidente da ABZHP.

António Fonseca sustenta que os espaços têm que ir ao encontro das necessidades dos consumidores independentemente dos horários. “Cada vez mais as pessoas têm dificuldades em se adaptar aos horários dos estabelecimentos, temos que ser nós a adaptarmo-nos aos horários das pessoas, à sua disponibilidade”, refere.

Ter horários adequados ao consumidor não vai implicar mais horas de trabalho, visto que “os horários regulamentados por lei para os trabalhadores serão sempre cumpridos”. A medida pode até “criar condições para mais emprego”, diz António Fonseca.

Comprar artigos neste horário alternativo vai trazer alguns benefícios, como cartões sem consumo mínimo obrigatório e bebidas grátis nos bares e discotecas. Também estão previstos descontos nas lojas.

O presidente da ABZHP dá o exemplo da revitalização dos centros históricos de Barcelona e Milão para denunciar a necessidade de “alterar a mentalidade de alguns empresários que ao longo dos anos se implantaram na cidade do Porto e ficaram no marasmo”.

O presidente da ABZHP identifica ainda a Rua Mouzinho da Silveira, que faz a ligação entre a baixa e a Ribeira, como “uma vergonha para a cidade”. Para António Fonseca, a Porto Vivo – Sociedade de Rebilitação Urbana tem a obrigação de fazer um levantamento dos mais de 30 edifícios devolutos, que exigem uma intervenção urgente.

Insegurança nocturna não será obstáculo

O horário de funcionamento alargado das lojas levanta a questão da insegurança nocturna nas ruas da baixa. O presidente da ABZHP associa o “sentimento de insegurança” ao problema da desertificação da baixa.

“Se conseguirmos levar gente para a baixa, o problema da segurança não se coloca”. Contudo, “a polícia deve estar nas ruas, o mais dispersa possível, visível. Isso vai contribuir para diminuir o sentimento de insegurança”, afirma o presidente da ABZHP.