Médicos e vítimas de cancro colorectal uniram-se para criar a primeira associação de luta contra a doença. A Europacolon Portugal nasceu para combater os maiores inimigos deste mal: o desconhecimento acerca da doença e o receio de levar a cabo um tratamento de um problema tão delicado.

Representantes da associação, médicos e pacientes reuniram-se, esta quarta-feira, no Instituto de Oncologia do Porto (IPO) para debater o tema e partilhar impressãoes acerca de conclusões a que a Europacolon chegou por estudos que encomendou.

As descobertas das pesquisas não são animadoras: este tipo de cancro é o de maior incidência a nível europeu e o segundo factor de morte por doença oncológica em Portugal, conforme revelam dados do Grupo de Investigação de Cancro Digestivo (GICD).

A Europacolon Portugal foi criada para apoiar vítimas de cancro colorectal, sobretudo em termos de informação. O desconhecimento da doença e das hipóteses de sucesso do tratamento são os maiores aliados à fatalidade da mesma.

O estudo realizado no âmbito desta doença revelou que o cancro colorectal é o quinto mais conhecido pelos inquiridos, mas 20% da população analisada não sabia da existência destre problema. A agravar a situação, está o desconhecimento de um terço dos inquiridos face aos órgãos que esta doença afecta.

Descoberta precoce facilita tratamento

Como referiu Maria Fragoso, oncologista do IPO e membro da Europacolon, são competências da associação “difundir o comportamento da doença e sintomas, promover o rastreio pela população e promover o diagnóstico o mais possível, além de acompanhar e aconselhar os doentes”.

A Eurocolon vai ser, sobretudo, “dedicar-se à qualidade de vida dos portugueses, contando, para tal, com o apoio dos ‘media'”, referiu o presidente executivo da associação, Vítor Neves, para combater a falta de “sensibilização e desconhecimento” relativamente ao problema, já que, de acordo com as estatísticas, 70,3% da população estudada não sabe onde procurar informação sobre o assunto.

Os oradores tentaram sublinhar que caso o cancro seja descoberto precocemente, muito se pode fazer para o curar, sendo maiores as hipóteses de tratamento e de que o doente venha a ter boa qualidade de vida. Maria Fragoso referiu que importa diagnosticar a doença “em fase localizada”. A oncologista classificou o cancro colorectal como “um problema de saúde pública”, cuja solução depende “da sociedade em conjunto”.

O cancro colorectal é o terceiro mais incidente nos homens e o segundo que mais vitima as mulheres.

Desconhecimento e medo dificultam tratamentos

Maria Fragoso crê que é possível reverter a situação que se vive em Portugal relativamente ao cancro colorectal, objectivo da Europacolon. A oncologista afirmou ao JPN que as pessoas temem ser tratadas e optam muitas vezes por ignorar o problema, já que “os tratamentos não são fáceis”, tanto “pelas consequências, pelos efeitos colaterais da quimio e radioterapia” e pelo “tempo” necessário para ser tratado.

Todavia, a oncologista está convicta de qua vale a pena apostar “claramente” nos tratamentos, já que têm grandes hipóteses de êxito. Referiu que “a quimio e radioterapia têm taxas de sucesso muito boas e permitem manter para os doentes uma boa qualidade de vida”.

Maria Fragoso sublinhou a importância de “formar” e “informar”, dando às pessoas dados sobre o cancro colorectal, para “conhecerem a importância da doença” e desmistificar “medos”. Há que implantar “hábitos de vida saudáveis e reforçar medidas de rastreio e diagnóstico precoce”.