José Ribeiro e Castro ou Paulo Portas? Os cerca de 44 mil militantes do CDS-PP escolhem, este sábado, o 8.º líder do partido e aquele que, muito provavelmente, se apresentará à próximas eleições legislativas marcadas para 2009. E pela primeira vez em quase 33 anos de história, todos os militantes democratas-cristãos elegem em eleições directas o próximo líder do partido.

Ao contrário do que aconteceu na eleição de Ribeiro e Castro, a 18 de Junho do ano passado, em que só votaram os militantes com as quotas regularizadas, a Comissão Organizadora das Directas (COD) vai abrir o acto eleitoral a toda a família democrata-cristã.

A votação vai decorrer entre as 14 e as 20h em 152 locais de votos espalhados por Portugal Continental, Açores, Madeira e Luxemburgo, o único núcleo de militantes fora do país que mostrou interesse em participar na eleição.

O resultado vai ser anunciado ainda antes das 24h e será depois homologado no Congresso Nacional Extraordinário a 18, 19 e 20 de Maio. Até lá, de acordo com a alteração dos estatutos que consagrou as eleições directas, o partido ficará entregue à COD que será presidida pelo novo líder.

Das “directas” à oposição

Durante cerca de um mês e meio, Ribeiro e Castro e Paulo Portas fizeram da campanha uma das mais acesas de sempre da história do CDS-PP, num debate mais sobre o partido, nem por isso mais ideológico, do que virado para o exterior. A primeira grande “batalha” entre os dois centrou-se na forma de eleição do presidente que precipitou o abandono do partido por parte de Maria José Nogueira Pinto, depois do Congresso Nacional em Óbidos, em Março, que terminou com acusações e troca de agressões verbais entre os apoiantes de Castro e os de Portas.

Com a aprovação das eleições directas, a primeira vitória de Portas, no congresso seguinte, passou-se à troca de acusações. Afirmando sempre que o seu adversário era José Sócrates, Paulo Portas defendeu uma “fiscalização séria” ao Governo, nunca deixando de atacar Ribeiro e Castro por ter mantido o estatuto de eurodeputado e a sua liderança por ter causado grandes divisões, chegando ao ponto de mandar “contra tudo e contra todos”.

Castro, por seu lado, acusou Portas de promover “um golpe de Estado no CDS-PP” e de ter deixado o partido “à deriva” após a sua demissão na sequência da derrotar eleitoral de 2005. O eurodeputado criticou ainda o ex-líder de ter passado a liderar “uma oposição interna” através da bancada parlamentar.

O “partido útil” de Portas, o “ovo Kinder” de Castro

O derradeiro dia de campanha terminou entre ataques e apelos. Em Queluz, Paulo Portas nunca falou de Ribeiro e Castro e pediu aos militantes para votar num partido “útil” a Portugal. “O partido vai tomar amanhã [hoje] uma opção. Ou somos úteis a Portugal, ou somos prejudiciais a nós próprios. Eu quero um partido útil a Portugal”, referiu.

A norte, em Esposende, Ribeiro e Castro apelidou Portas de “ovo kinder”. “Não se sabe o que vem lá dentro, não sabemos qual é a linha, não sabemos quais são as políticas e, sobretudo, não sabemos quem vem com ele. Vai ter vices? Vai ter secretário-geral? Não diz, esconde”, criticou Ribeiro e Castro.