Os números são provisórios, mas os resultados já apurados não deixam dúvidas: Paulo Portas é o próximo presidente do CDS-PP. Com mais de 74,6 por cento dos votos, contra 24,9 obtidos por Ribeiro e Castro, Portas regressa, dois anos depois, à liderança do partido democrata-cristão, que governou entre 1998 e 2005.

O presidente da Comissão Organizadora das Directas (COD), João Rebelo, anunciou que votaram nas eleições directas 7.563 militantes – 22 por cento dos que estão inscritos no partido -, mais duas mil pessoas do que nas únicas directas realizadas até hoje no CDS-PP, em 2005, quando Ribeiro e Castro foi concorrente único. Em termos absolutos, Paulo Portas conseguiu 5.642 votos e Ribeiro e Castro 1.883 votos.

Embora os resultados sejam ainda provisórios – só na segunda-feira serão confirmados pela COD -, sabe-se já que Paulo Portas alcançou o seu melhor resultado a norte do país, mais precisamente em Bragança, Vila Real e no Porto, com mais de 80 por cento dos votos. No Luxemburgo, os cinco militantes escolheram o ex-ministro da Defesa.

Ribeiro e Castro apenas venceu em Viana do Castelo, onde conseguiu 52,5 por cento dos votos, seguindo-se como melhor votação a Guarda, com 48,8 por cento.

Discurso de vitória só amanhã

Eram 23h, quando Paulo Portas falou. Esperavam-se palavras de vitória, mas o novo presidente optou por fazer uma curta declaração, em que agradeceu aos militantes que foram votar e cumprimento Ribeiro e Castro.

“Quero apenas dirigir três palavras: aos militantes do CDS que foram votar – e foram muitos – muito obrigado; ao concorrente, uma saudação democrática e um agradecimento pela presidência do partido durante dois anos; a todos que trabalharam neste processo e que tornaram possível o nosso reconhecimento pela transparência do partido, pelo civismo e pela decência no acto demonstrado”, afirmou, convidando depois os militantes a comparecerem este domingo na sede do partido, onde irá fazer o discurso de vitória.

O vice-presidente da bancada parlamentar do CDS/PP, Luís Mota Soares, exaltou a votação expressiva que “mostra a vontade dos militantes para que o CDS volte a dias de estabilidade e unidade” e que “finalmente faça oposição ao Partido Socialista”

Ribeiro e Castro lamenta regresso ao “velho ciclo”

Muito antes de terem sido anunciados os resultados oficiais, Ribeiro e Castro, já assumia a derrota. Numa declaração curta e amargurada começou por por lamentar o regresso do “o velho ciclo” com a vitória de Paulo Portas

“Sectores houve que, nunca aceitando o resultado dos dois últimos congressos, se afadigaram em criar dificuldades à direcção e acção política do CDS e, nos últimos meses, se concentraram no propósito de derrubar a direcção e mudar a liderança e o rumo do partido”, criticou. “O objectivo desse processo consumou-se hoje”, acrescentou.

Ribeiro e Castro não se esqueceu também daqueles que “ao longo dos últimos dois anos” se concentraram nesse objectivo de oposição interna”. O ainda presidente do CDS recordou que entrega o partido num momento “bem mais favorável” do que em 2005.

E depois de agradecer o esforço dos elementos que o acompanharam, deixou um apelo aos militantes que “ao longo da crise das últimas semanas” mostraram vontade de se “afastarem do partido” caso o desfecho fosse este: “A todos e a cada um peço que o não façam”, exortou.

Por último, o ainda presidente fez questão de sublinar que vai continuar a defender os valores que sempre defendeu dentro do partido com os “olhos postos em 2009”.