Pegar num livro e ler. Este é um gesto que os portugueses começam a redescobrir. No entanto, é um hábito que ainda regista números baixos, relativamente aos restantes países. Relacionado com o acto da leitura estão os níveis de literacia – compreensão e uso da linguagem de uma maneira geral.

Deparado com os níveis diminuídos de literacia da população portuguesa, relativamente à União Europeia (UE), o Governo lançou uma iniciativa como resposta a esta realidade. O Plano Nacional de Leitura (PNL), “Ler +”, pretende colocar o nosso país a par dos da UE, através de um programa de intervenção no ensino, no contexto familiar e nas bibliotecas.

Na última década o número de pessoas com hábitos de leitura aumentou 58%, indicam os dados sobre 2006 divulgados pela Marktest este mês. A maioria dos leitores encontra-se entre os 15 e os 17 anos. Em 2006, cerca de 3 milhões (37,1%) de pessoas com 15 e mais anos tinham o hábito de ler livros (ou seja, fizeram-no no último mês); em 1996, a percentagem era 23.5%.

A escritora Isabel Alçada coordena o PNL e sublinha que “é preciso criar o hábito de leitura” no território nacional. A coordenadora lembra que em Londres 55,3% da população lê durante a hora de almoço, facto que não acontece em Portugal. Por que razão? “Não investimos à mais tempo em programas de incentivo de leitura”.

Os níveis de leitura são mais reduzidos entre os 18 e os 24 anos, mas Isabel Alçada não tem dúvidas de que no futuro esta geração terá um maior gosto por ler, devido aos planos de incentivo desenvolvidos. O encontro do leitor com o livro na vida está a ser feito na infância de modo a criar uma “relação afectiva com o livro”, diz a coordenadora.

Bibliotecas promovem leitura

Cerca de 80 livros são reservados diariamente na Biblioteca Almeida Garrett, no Porto, principalmente por estudantes e pessoas reformadas. Iria Teixeira, bibliotecária há seis anos, refere que a biblioteca tem promovido diferentes eventos com o intuito de aumentar os hábitos de leitura.

A “Comunidade de Leitores” é um dos exemplos das iniciativas propostas. Cerca de 60 a 70 pessoas juntam-se para falar sobre livros, de forma a incentivar a leitura. “É uma promoção da leitura, mas é para as pessoas que estão habituadas a ler e que gostam de ler e exigem qualidade”, afirma. Para além deste evento, realizam exposições sobre livros e personalidades relacionadas com a literatura.

Iria Teixeira mostra que contactar com o público que tem por hábito ler é mais fácil. “O outro público”, explica, “é mais disperso, acaba por ser mais complicado”. Já as crianças são um caminho atractivo, porque “são mais receptivas” e aderem facilmente.