De acordo com dados lançados em 2000 pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico), 48% dos portugueses encontram-se nos patamares inferiores (1 e 2 numa escala de 5 níveis) de literacia. Passados três anos, em 2003, a divulgação de novos dados não detectou uma evolução positiva.

Durante décadas não se investiu na educação em Portugal. Só depois do 25 de Abril é que se despoletou um alargamento da educação. Isabel Alçada, escritora e coordenadora do Plano Nacional de Leitura “Ler +”, reconhece que a aposta na educação é “importantíssima”, mas “não tem efeito imediato”.

A escritora refere que “há muitos concorrentes em relação à leitura” e que é muito difícil “ganharmos terreno na nossa época” quando comparado com as épocas anteriores. Mesmo assim, a rede de bibliotecas lançada há 10 anos “está a dar frutos magníficos”, mostra Isabel Alçada.

A coordenadora da iniciativa “Ler +” defende que é preciso colocar livros na sala de aula para que o aluno “encontre o que gosta e ganhe hábitos de leitura”. A escritora lembra que este tipo de projectos acontece desde muito cedo nos restantes países.

“Conhecimento é poder”

A compreensão da língua é importante no desenvolvimento do conhecimento e a leitura é uma base essencial nessa construção.

Jorge Freitas está a ler três livros em simultâneo. Gosta de poesia e romances. O aluno da Faculdade de Letras considera que a sociedade portuguesa não lê e que esse é um problema estrutural. “O gosto pela leitura tem de ser cultivado logo na infância”, aponta Jorge como uma solução possível.

Vindo de Wales para estudar em Portugal, Martin Jones usa a biblioteca como sala de estudo. “Ler dá-nos conhecimento”, diz, acrescentando que o “conhecimento é poder e é saudável”.

Com 68 anos, Joaquim Pinto tem passado os últimos 20 anos a desfrutar do prazer da leitura e aproveita a reforma para poder aceder à internet e à informação. Diz que agora lê-se mais do que há 40 anos atrás. Na perspectiva de Joaquim, “ler é conhecer”.