Recordando o acordo luso-brasileiro de 2003, assinado entre Lula da Silva e Durão Barroso e que visava legalizar 30 mil brasileiros, a cônsul geral do Brasil no Porto sublinha que “20 mil já beneficiaram com ele” mas há um “resquício burocrático” que impede a sua total concretização.

“As autoridades portuguesas já tiveram vários contactos com os cônsules brasileiros e questionámo-nos sobre a situação dos 10 mil” que ainda não foram abrangidos, diz Cláudia d’ Angelo ao JPN.

A explicação é que “algumas delegações do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras pedem mais documentos do que o que o acordo prevê”. O consulado conclui que “há uma burocracia excessiva”.

A imigração brasileira em Portugal tem crescido, invertendo-se os papéis dos dois países no intercâmbio de cidadãos. Se antes, o Brasil recebia inúmeros portugueses para trabalhar, hoje é Portugal que acolhe a comunidade brasileira.

Cláudia d’ Angelo crê que o maior atractivo para os brasileiros no nosso país reside “nos bons salários”. O imigrante sente que, “mesmo com um trabalho que possa estar aquém das suas capacidades ou formação, o salário que recebe em Portugal compensa muito em relação ao que receberia no Brasil”. Aliada à “força do euro” e à capacidade de poupança do imigrante, está o facto de o mercado português “pagar mais”.

A cônsul-geral acredita na tendência para a exploração dos imigrantes, de qualquer nacionalidade e em qualquer país. “Da minha experiência no consulado verifico que, por exemplo, alguns patrões preferem não legalizar o contrato com o trabalhador. Para o patrão, é mais interessante economicamente manter o empregado na informalidade, porque não tem as contribuições de trabalho, nem uma série de taxas ou impostos que a legislação pede”.

“Há uma luta do imigrante para ter o contrato, mas isso significa para o patrão alguma burocracia”, explica Cláudia d’ Angelo. “É preciso esperar meses, para ter um visto”.